Belém é uma cidade conhecida pela rica gastronomia, que emprega em seus pratos típicos várias espécies nativas da região, como o açaí e o jambu. Além da gastronomia, a capital paraense é sede de um dos principais eventos religiosos do país, o Círio de Nazaré, um momento de devoção à Nossa Senhora de Nazaré.
No sexto episódio da segunda temporada da série Agronomia Sustentável, a equipe do Canal Rural foi conhecer o mercado Ver-o-Peso, um dos mais tradicionais da cidade. As poções mágicas preparadas por “curandeiras” que misturam ervas, perfumes e outros segredos fazem sucesso por lá.
Ainda no mercado, é possível degustar o tambaqui com açaí, um prato muito conhecido do paraense, e também que enche de orgulho o engenheiro agrônomo Francisco Ferreira. Ribeirinho e estudioso da fruta, foi buscar na Amazônia um potencial de mercado. “Eu vi no açaí, desde quando eu estava na faculdade, um potencial grande para a nossa região, mas sinceramente eu nunca pensei em conquistar o mercado nacional, nem mundial, pensava muito no mercado local”, conta.
A fábrica administrada pelo engenheiro agrônomo produz em média 100 toneladas de creme de açaí por dia. A formação na área de agronomia contribuiu na fase de produção. No local, o caroço da fruta é utilizado na geração de energia, depois de passar por algumas etapas de processamento.
Área portuária
Belém também se destaca na área portuária, principalmente nas exportações da região norte do estado. Nesse episódio, o Agronomia Sustentável contou a história do engenheiro civil Manoel Domingues Castro, que trabalha na Companhia das Docas do Pará. “O nosso papel é muito do elo entre a produção e a possibilidade de exportação. O Brasil é um país originalmente exportador de commodities, então somos apenas um elo de uma cadeia logística muito importante para o país, para conseguir levar para fora esse produto, sejam eles, minério de ferro, por exemplo, alumínio, sendo as principais commodities exportadas, além dos produtos do agronegócio, que são os grãos em geral e alimentos”, relata.
Segundo o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), o estado do Pará soma mais de 2800 engenheiros agrônomos ativos. De acordo com o vice-presidente do Crea, Janilton Maciel Ugulino existe uma interdisciplinaridade que envolve todas as engenharias, e a fiscalização é um ponto fundamental da entidade. “A função do Crea é proteger a sociedade do exercício ilegal da profissão, e a gente atuando nessas fiscalizatórias para que isso se desenvolva é melhor para a sociedade e para os profissionais da área engenharia que conseguem enxergar um ponto bem melhor para eles, nesse novo cenário que a gente está vivendo, pós-pandemia”, frisou.
O papel do engenheiro na arborização
Belém possui apenas 22,4% de área arborizada, sendo uma das capitais com menos cobertura vegetal do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A responsabilidade de controlar a urbanização desordenada da cidade também recai sobre o engenheiro agrônomo. Para o secretario municipal de Meio Ambiente de Belém, Sérgio Brazão e Silva, o profissional é um dos mais preparados para atuar no meio ambiente.
“Em minha secretaria, atuam em conjunto engenheiros agrônomos, engenheiros florestais, engenheiros ambientais, geólogos e diversos outros profissionais”, detalha. Segundo ele, apenas esse trabalho em conjunto é capaz de fazer a escolha da árvore para que ela cresça saudável e possa trazer benefícios à sociedade, principalmente no oferecimento de sombras em uma região que é quente o ano inteiro.
Imóveis rurais
O exercício da agronomia nas cidades brasileiras vai além. O engenheiro agrônomo Cléber de Souza Oliveira, por exemplo, trabalha na área fundiária ambiental e cartorial. “Nosso foco são imóveis rurais, mas analisando o mercado, identificamos que não existia profissional da nossa área especialista na venda de imóveis rurais. Então fiz o credenciamento e o curso e hoje sou o único agrônomo credenciado no estado para trabalhar nesse segmento.”
A instrução normativa nº 104, de 29 de janeiro de 2021, fixa os procedimentos para a regularização fundiária das ocupações incidentes em áreas rurais, apontando que é admitida a venda direta de áreas na Amazônia Legal, mas desde que se obedeçam regras específicas. “O imóvel não pode ter sobreposição em áreas de assentamento, indígenas ou mesmo em outros imóveis rurais, bem como não ter desmatamento, não ter embargo junto aos órgãos ambientais estaduais ou federais. Todos estes são complicadores decisivos na hora de fazer a aquisição de um imóvel rural”, explica Oliveira.
O projeto Agronomia Sustentável é uma parceria do Canal Rural com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), os Conselhos Regionais (Creas) e Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). O programa vai ao ar aos sábados, às 9h, com reprise aos domingos, às 7h30.