A Agrishow, de Ribeirão Preto (SP), volta a ocorrer presencialmente nesta segunda-feira (25), após ser suspensa em 2020 e 2021 em virtude da Covid-19, com altas expectativas mesmo num cenário de crédito mais caro e custos de produção com tendência de alta. A 27ª edição da feira, considerada uma das maiores do mundo em tecnologia agrícola, vai até sexta-feira (29).
“Achamos que haverá três recordes”, afirmou o presidente da Câmara de Máquinas Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Estevão Bastos de Oliveira – a Abimaq é uma das realizadoras da Agrishow. “Primeiramente, de público, porque são três anos sem feira. Segundo, de novidades, porque nesses três anos a indústria não parou e continuou fazendo novos produtos, adequando os já existentes e trazendo novidades na parte de tecnologia embarcada. Por fim, devemos também ter bons negócios por estarmos num bom momento do setor.”
O presidente da feira, Francisco Matturro, afirma que espera uma edição de sucesso, mas prefere não fazer projeções de números. “Quando falamos em valores, menosprezamos outros aspectos da feira. O maior valor que ela traz é a troca de informações”, diz ele. “Muitos negócios não são concluídos na feira, mas são iniciados lá.”
O bom momento que vivem empresas do agronegócio por causa dos preços valorizados de commodities tende a impulsionar os resultados da feira. O setor de máquinas agrícolas, que tem destaque na Agrishow, vem crescendo nos últimos anos. “Em 2020 as vendas de máquinas cresceram 17% e em 2021, 42% – já descontada a inflação do setor no período, que foi maior do que a do IPCA”, afirma Estevão. “E para este ano esperamos crescimento de mais 5%, o que parece pouco, mas é em cima de uma base que já aumentou muito.” A feira, diz ele, tende a refletir esse cenário.
O executivo destaca que a demanda foi “excepcional” nos últimos dois anos mesmo com o aumento de 40% no preço médio das máquinas no acumulado de 2020 e 2021. “Não tem jeito, houve repasse dos custos de matéria-prima”, disse. Este ano, ele espera que os preços dos equipamentos aumentem em linha com a inflação. “Os principais choques já aconteceram, não acredito que deva haver mais.”
Para Matturro, mesmo com os elevados preços das máquinas, refletindo a suspensão das linhas do Plano Safra 2021/22 e os juros de mercado mais altos em razão da taxa Selic elevada, o produtor terá condições de fazer negócios. “Hoje existem outras fontes de crédito. Os bancos cooperativos avançam muito, e esse sistema tem sua raiz no agro. Existe também o crédito por meio de barter, e boa parte pode fazer negócios com recursos próprios”, afirmou. “Esperamos que não haja problema de recursos e que o próximo Plano Safra traga recursos em quantidade suficiente para pequenos e médios produtores.”
Estevão afirma que a suspensão das linhas do Plano Safra não causou tantos problemas este ano porque a rentabilidade do produtor rural foi muito positiva. Ele ressalta, ainda, que existe dinheiro no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e em bancos comerciais ou cooperativas, “mas a taxa de juros ficou cara”. Mesmo assim, na visão dele muitos produtores contam com recursos próprios.