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Café: seca provocará mais perdas que as geadas em 2022

Em fórum realizado pela Cooxupé, especialistas apontaram um cenário complicado para as lavouras de café no próximo ano, com queda na produtividade

As condições climáticas e os impactos para a safa de café em 2022 foram os temas centrais da 3ª edição do Fórum Café e Clima da Cooxupé, realizado virtualmente nesta terça-feira, 21. Entre os cenários traçados pelos especialistas convidados, está o impacto da crise hídrica. A seca deve pesar mais na produção de café para o próximo ano do que as geadas.

“O café e a seca convivem harmonicamente há anos, por conta da resiliência dos cafeeiros. Mas, a planta não tolera tantos períodos de seca severa, como o que vivemos. Portanto, haverá perdas”, diz o professor José Donizeti Alves, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), um dos palestrantes do evento.

Ainda segundo Donizeti, são dois momentos que impactam na produção, o do crescimento do ramo e a florada. A seca vai encurtar a janela de crescimento do ramo neste ano, assim, vão faltar folhas para produzir café em 2022.

O especialista explicou que esse impacto é maior do que o produzido pela geada, que também prejudicou cerca de 170 mil hectares de café.

Nesse contexto, o Coordenador de Geoprocessamento da Cooxupé, Éder Ribeiro dos Santos, explicou, durante sua palestra no Fórum, que os fatores relacionados ao clima impactam entre 60% a 70% na variação da produção. Além disso, entre esses fatores, a deficiência hídrica é responsável por 56% da queda de produtividade do café.

“Esses fatores criam uma condição de estresse das plantas. Com intenso déficit hídrico na pré-florada e condições desfavoráveis também no pós-florada, o início da safra de 2022 não está nada favorável”, explicou.

O coordenador também destacou que, com os longos períodos de seca, também há um baixo armazenamento de água no solo, o que impacta as plantas.

Cenário para chuvas no café

E, o cenário para o próximo ano não é animador, segundo explicou o professor da Universidade Federal de Alagoas Luiz Carlos Baldicero Molion.

“No trimestre de janeiro a março, teremos chuvas abaixo da média. Principalmente em fevereiro e março, haverá redução de 40% a 60% da média de chuvas”, diz.

Ainda sobre as perspectivas, o bacharel em Física pela USP também destacou o cenário dentro dos próximos 15 anos.

“Teremos um clima diferente, em média mais seco e mais frio, semelhante ao do período dos anos 1960 até a metade da década dos anos 1970”, explicou durante sua apresentação.

O presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, também destacou a importância dos produtores terem acesso a essas informações e alternativas. “Principalmente com a seca influenciando tão ou mais do que as geadas. É preciso buscar ações e refletir sobre os momentos atuais”, conclui.