Agricultura

Clima adverso na Argentina: preços do trigo devem subir

E isso deve encarecer o mercado do cereal no Brasil, avalia Carlos Cogo

Com a safra 2022/23 encerrada, a produção de trigo na Argentina ficou 10 milhões de toneladas abaixo do ciclo anterior. Os dados da Bolsa de Grãos de Buenos Aires são consequência do clima adverso no país, que sofreu tanto com seca quanto com geadas.

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A situação adversa na Argentina faz com que a tendência seja a de que os preços do cereal subam e, assim, encareçam as importações brasileiras. É o que explicou o consultor Cargo Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio, em entrevista ao Canal Rural.

Ao conversar com a jornalista e apresentadora Pryscilla Paiva durante a edição desta quarta-feira (18) do telejornal ‘Mercado & Companhia’, Cogo informou que o trigo brasileiro está, atualmente, mais barato que o da Argentina e o dos Estados Unidos, com os valores por saca de 60 quilos na casa dos R$ 100, R$ 143 e R$ 151, respectivamente. Porém, diante da quebra de safra da Argentina e do recorde de produção pelo Brasil, essa diferença deve diminuir.

“No mercado interno, essa diferença tende a começar a encurtar a partir de fevereiro, março e abril”, pontuou Cogo. “Os moinhos vão ter que recorrer para o produto nacional em função dessa quebra de safra da Argentina, que reduziu extremamente o excedente argentino. A Argentina tinha quase 15 milhões [de trigo] para exportar no ano passado. Neste ano, tem quase 7 milhões”, prosseguiu o consultor.

Chance de desabastecimento de trigo no Brasil?

Trigo tempo firme culturas de inverno
Foto: Débora Fabrício/Canal Rural

Questionado se há risco de o país enfrentar desabastecimento de trigo, Carlos Cogo destacou não acreditar nisso. Ele registrou que então maiores produtores do cereal antes da guerra, Ucrânia e Rússia estão voltando ao mercado internacional. Além disso, avisou que o Paraná conta com estoques do produto.

O entrevistado, contudo, reforçou: os preços do trigo devem subir no Brasil no decorrer dos próximos meses. “Não há risco de desabastecimento, mas, com certeza, nós vamos ter a alta dos preços internos. Do trigo, primeiro. E depois, evidentemente, da farinha e dos derivados de trigo”, afirmou Cogo.

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