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Agricultura

'Deveríamos excluir fertilizantes do regime de sanções à Rússia', diz ministra da Agricultura

Em encontro com diretor da FAO, Tereza Cristina também disse que medidas como a cooperação internacional podem diminuir os riscos de falta de insumos

A ministra da Agricultura (Mapa), Tereza Cristina, participou nesta quarta-feira (16), de uma mesa redonda para debater sobre insumos. Em sua fala, a ministra defendeu que os fertilizantes fiquem de fora das sanções impostas à Rússia após invasão ao território ucraniano. “Creio que deveríamos excluir os fertilizantes do regime de sanções a exemplo do que ocorre com os alimentos”, afirmou a representante brasileira.

A ministra, que também é presidente da Junta Interamericana de Agricultura, justificou que esses produtos são essenciais para a segurança alimentar mundial. “As razões são simples: reprimir o comércio afeta a produtividade do campo, reduz a disponibilidade de alimentos, reforça a tendência inflacionária das principais commodities e, como consequência final, ameaça a segurança alimentar especialmente de países mais vulneráveis”.

Ela também colocou ao menos duas medidas que podem ajudar no longo prazo na redução da dependência desses produtos agrícolas. “Devemos aumentar o intercâmbio de informações sobre os mercados agrícolas globais […]. Seria importante também intensificar a pesquisa científica em busca de inovações tecnológicas que permitam fortalecer a eficiência e a sustentabilidade da agropecuária”, apresentou.

Também presente ao encontro, o diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manoel Otero começou o discurso falando da preocupação com a ameaça à paz mundial o que, segundo ele, “afeta a equação da segurança mundial”. Para Otero, é necessário ainda mais cooperação entre os países americanos para que todos possam sair dessa situação de risco de desabastecimento de insumos. Ele também lembrou da importância das Américas para a segurança alimentar global.

“Gostaria de reiterar a importância estratégica do nosso continente enfatizando que um em cada quatro toneladas [de alimentos] são produzidos nas Américas e que 28% das importações decorrem do nosso continente”.

A presidente da Parceria para Revolução Verde da África (AGRA), Agnes Kalibata deu números ao que ela classificou como um “momento muito complexo”. Segundo Kalibata, o preço dos alimentos já vinha em uma crescente, situação que foi agravada com a escassez da oferta de fertilizantes.

“A falta desses fertilizantes vai afetar muitas pessoas principalmente se a Ucrânia persistir nessa situação. Por causa das mudanças climáticas e por causa de tudo que está acontecendo é possível que isso afete várias pessoas, milhões de pessoas. Além disso, nós dependemos do comércio global e mais de 50 milhões de pessoas podem se ver afetadas em pouco tempo se essa situação persistir. A falta de acesso aos mercados globais poderá afetar a mais de 100 milhões de pessoas do mundo inteiro”.

 

 

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