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Fala de Jair Bolsonaro acalma mercado e dólar fecha em queda

No entanto, segundo analista, o governo rompeu o teto, por mais que exista um discurso político para amenizar a situação

O dólar comercial fechou em R$ 5,6250, com queda de 0,74%. Embora a sessão tenha sido marcada pelas diversas incertezas fiscais e políticas – como os rumores de demissão do ministro da Economia, Paulo Guedes -, a fala do presidente do Jair Bolsonaro que garantiu a permanência de Guedes, fez com que a moeda norte-americana perdesse força.

De acordo com o economista da Nova Futura, Nicolas Borsoi, “não é possível ter uma visibilidade do cenário neste momento. Todo mundo sabe que o governo rompeu o teto, por mais que exista um discurso político para amenizar a situação”. Borsoi ainda sublinha o caráter populista dos auxílios anunciados pelo governo.

Por mais que o presidente tenha garantido a permanência do ministro da economia, Borsoi é direto: “A visão do Paulo Guedes como fiador da economia ficou um pouco para trás, vide a dificuldade que ele enfrenta para encontrar um secretário do Tesouro, que é um cargo desejado por inúmeros economistas”, pontua. E economista também acredita que Guedes tem bastante “congruência ideológica” com Bolsonaro, deixando de lado a questão técnica, e que o ministro é demitido “cai a cada 15 minutos”, o que reflete sua fragilidade atual.

Borsoi, contudo, acredita que, dado o cenário, o real poderia ter sido ainda prejudicado: “A nossa moeda sofreu muito devido aos fatores domésticos, mas poderia ter sido ainda pior. Mesmo sem a intervenção, que não faz leilões extraordinários desde quarta-feira”, pondera.

Para o economista da Renascença Corretora, Daniel Queiroz, “a tensão irá continuar nos próximos dias, talvez com alguma acomodação. Com a piora da questão fiscal, os investidores estrangeiros se preocupam ainda mais, aportando menos dólares no Brasil”. O economista também acredita que o Banco Central (BC) irá aumentar a Selic (taxa básica de juros) em 1,25 ponto percentual, porém não descarta que o reajuste seja de 1,50.

Queiroz, porém, descarta a saída de Paulo Guedes: “O Guedes deve continuar, já que ele autorizou os gastos em linha com o presidente (Jair Bolsonaro). Acho muito difícil ele sair do governo, já que isso era um sonho dele. Ele joga o jogo”, define o economista.

De acordo com o analista da Top Gain, Leonardo Santana, “não fosse a saída do (secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno) Funchal e do (secretário do Tesouro Nacional, Jeferson) Bittencourt, existiria um espaço para a correção do dólar. O mercado ainda deve estressar pela manhã, mas acho que não durante o dia todo”. O analista acredita que o Banco Central vai agir, fazendo novos leilões de swap, quando o dólar atingir R$ 5,80.

Santana é enfático em relação ao furo do teto: “Não tem como ser visto de maneira positiva. O que adianta ter um teto de gastos se ele não é cumprido? Isso é populismo, não tem como ficar otimista. Estamos fundando”, sentencia. Além disso, a preocupação com o próximo ano só aumenta: “Como vamos chegar em 2022? Vamos gerar empregos suficientes para segurar a inflação?”, questiona.