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O que esperar do dólar diante do cenário de instabilidade política?

Após o mercado repercutir as falas de Bolsonaro, a moeda subiu quase 3%; no entanto, dólar voltou a cair após nova fala do presidente

O dólar voltou a subir forte, repercutindo as falas presidente Jair Bolsonaro, que no último dia 7 de setembro fez novas críticas a membros do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta quarta, 8, o dólar fechou o dia em alta de 2,87%, cotado a R$ 5,3250. A alta diária foi a maior desde junho de 2020.

Segundo o economista-chefe da Necton, André Perfeito, após a forte alta, o mercado fica sem direção diante dos conflitos entre os membros dos Três Poderes.

Dólar
Na última quarta, 8, dólar registrou a maior valorização diária desde junho do ano passado Foto: Pixabay

“Estamos vendo uma briga declarada entre o presidente e representantes do STF, que não sabemos como será resolvido esse conflito. Agora o mercado está no zero a zero, sem firmeza para apostar em novas altas no dólar. Esse cenário ainda pode segurar o desempenho da Bolsa de Valores”, pontua o especialista.

Além dos debates envolvendo a política, o dólar segue de olho nas manifestações promovidas por alguns caminhoneiros em alguns estados do país. André Perfeito afirma que caso os protestos não acabem terão efeito na cotação da moeda norte-americana.

“Não à toa Bolsonaro divulgou um áudio pedindo para que as paralisações não continuem, pois ele sabe que esse é um fator que não que ajuda a economia neste momento”. Ainda segundo o economista, a ausência de notícias boas para o mercado também pesa para o cenário pessimista em relação ao dólar.

Para o fim de 2021, a projeção do câmbio está em R$ 5,30, segundo análise do economista-chefe da Necton.

Após pessimismo, dólar tem forte queda

Nesta quinta-feira, 9, o dólar reverteu a alta de ontem e fechou o dia com queda de 1,84%, negociado a R$ 5,2270. Segundo a consultoria Safras & Mercado, a desvalorização se deu após uma nota oficial divulgada pelo presidente Jair Bolsonaro defendendo a harmonia entre os Três Poderes.

De acordo com o head de renda variável da Valor Investimentos, Pedro Lang, “isso diminui muito o risco institucional que estávamos vivendo nos últimos dias. O mercado interpreta isso de modo muito positivo, refletindo no dólar e juros. O investidor estrangeiro também vê isso de forma bastante positiva”.

Diante da instabilidade política, o economista da Aware Investments, Aldo Filho diz que o mercado deve andar de lado, acompanhando os próximos desdobramentos.

O movimento de hoje do câmbio é mais um ajuste técnico em relação à alta de ontem, mas acredito que o dólar deve chegar no patamar de R$ 5,40 no curtíssimo prazo”, projeta Filho. O economista, porém, alerta sobre a briga entre os poderes: “Pode não ser apenas um mal-entendido, mas sim uma crise institucional”, analisa.