Acelerados pelas interrupções na cadeia de suprimentos em virtude da covid-19 e pelo cenário de guerra em dois importantes mercados no Leste Europeu, os preços globais de fertilizantes estão em níveis quase recordes e podem permanecer elevados ao longo de 2022 por causa da escassez global.
Segundo avaliação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as perspectivas para 2023 “podem ser ainda mais terríveis” sem um fim para o conflito Rússia-Ucrânia e um panorama para a retomada do fornecimento dos insumos.
Em relatório de análise do cenário, o órgão destaca que os preços altos dos fertilizantes provavelmente terão consequências ainda mais profundas nas decisões de plantio em 2023.
“Os produtores dos Estados Unidos podem aumentar a produção, apesar dos preços das commodities continuarem altos, mas terão de lidar com os preços de insumos”, avalia o USDA.
Segundo o USDA, os preços dos fertilizantes respondem por quase um quinto dos custos agrícolas dos Estados Unidos, com uma parcela ainda maior para os produtores de milho e trigo (representando 36% e 35% dos custos operacionais, respectivamente).
Embora o país produza uma quantidade significativa de nitrogênio e fósforo, importa volumes expressivos de fertilizantes de potássio.
Nesse cenário, muitos produtores norte-americanos tiveram que ajustar suas misturas para combinar com a área plantada, minimizando os gastos. “alguns produtores podem ter aumentado seu plantio de soja, porque a soja requer menos fertilizante. a decisão também reduz a área para plantar milho e outros grãos”, pontua o USDA.
Agricultores de outros países enfrentam decisões semelhantes às dos estados unidos, observa a entidade.
O Brasil já experimentou uma redução de 15% nas importações de fertilizantes no primeiro trimestre de 2022 em relação ao ano anterior, segundo o USDA. “Isso pode provocar impacto negativo em sua segunda safra de milho para 2022”, considera o órgão.
Na avaliação do USDA, os atuais aumentos nos preços dos insumos lembram o período da grande recessão, momento em que, com o colapso do mercado imobiliário dos Estados Unidos no fim de 2007, os preços quase dobraram em todos os principais grupos de fertilizantes.
“No entanto, os aumentos dos preços dos fertilizantes durante a grande recessão foram de curta duração, uma vez que a demanda por fertilizantes caiu, em virtude de um declínio no comércio agrícola global”, diz o USDA.