A tecnologia embarcada na semente de soja revolucionou o modo de produzir o grão. Atualmente, é possível adquirir uma variedade específica para determinada região, levando em conta estresse hídrico, pragas, resistência a herbicidas, entre outros fatores. O tema foi assunto no Programa Aliança da Soja, exibido na segunda-feira (27), no Canal Rural.
De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Sementes, Idone Grolli, o setor sementeiro tem que se adaptar rapidamente às mudanças e oferecer variedades que atendam a demanda do mercado.
“Os que levam a tecnologia são os que tem a conexão entre as grandes multinacionais que estão inovando e estão trazendo essas novas tecnologias embarcadas. Então, você tem que ter equipe e equipamentos totalmente preparados para absorver as tecnologias e transferi-las para o consumidor”, explica.
Para a produtora de soja Manoela Bertagnoli, do Rio Grande do Sul, o papel do multiplicador envolve experimentar e testar as novas tecnologias para ofertar ao cliente sementes com resultados comprovados.
“É um trabalho de formiguinha e feito por muita gente, sendo usufruído depois pelo produtor da melhor forma na sua área. Então, acho que no Brasil todos os produtores estão de parabéns pelo que têm feito por essa cultura e ainda pelo que tem para fazer”, considera.
Classes de sementes
A Lei 10.711/2003 institui o Sistema Nacional de Produção de Sementes e Mudas e estabelece a divisão da produção de sementes no Brasil em duas classes: as certificadas e as não certificadas. As primeiras são frutos de resultados de um processo rigoroso e que estabelece um alto controle garantido de genética e rastreabilidade do lote de semente produzido, desde o início com a inscrição dos campos de produção até o documento final da semente (certificado).
De acordo com Leidiane Ferreira Queiroz, coordenadora substituta da CGSM do Ministério da Agricultura, a Pasta realiza constantemente o trabalho de fiscalização nas lavouras. “Nós agimos em campanhas, tanto de denúncias que são prontamente apuradas pelos auditores fiscais federais do Ministério da Agricultura, como também com as ações programadas.
Então, todos os estados brasileiros contam com equipes de altíssima qualidade e que estão capacitados para atuar em todas as frentes do Sistema Nacional de Sementes e Mudas, evitando qualquer tipo de pirataria, desde a produção até a utilização das sementes”.
A importância da conscientização
Um movimento constante do setor é promover campanhas para combater o uso de sementes piratas. Segundo Paulo Campante, diretor de germoplasma da Croplife Brasil, a informação é a grande chave para a conscientização.
“Temos trabalhado para levar informação de qualidade para o produtor. Ele precisa entender os benefícios de utilizar as sementes certificadas e, ainda, as preocupações ao utilizar as do mercado informal, ou mesmo a ilegal”, comenta.
A rastreabilidade da semente certificada garante a qualidade do produto. Quando a variedade não é certificada, não é possível saber a procedência. “Ele [o produtor] não tem conhecimento de nada, sobre a rastreabilidade e identidade e nem se aquela cultivar que ele comprou é realmente a que lhe foi vendida e a que ele precisa”.
Efeito dominó
Ao adquirir uma variedade não certificada, o produtor impacta toda a cadeia produtiva, pois parte do valor do produto deixa de remunerar o multiplicador e outra parte não paga o obtentor, que é quem desenvolve as cultivares, ou seja, as empresas que estão fazendo o melhoramento, além das pessoas empenhadas em desenvolver essa tecnologia. “Sem esse retorno, a pesquisa não acontece e, fatalmente, a gente vai ter um desinvestimento das empresas de pesquisa no Brasil. É fundamental que ele faça a escolha de utilização de sementes certificadas para a sustentabilidade da cadeia”, finaliza Campante.
O programa Aliança da Soja é uma parceria entre o Canal Rural e a Plataforma Intacta 2 Xtend e exibido às segundas-feiras, às 13h35, com reprise às terças-feiras, às 6h30.