O preço do aço, matéria-prima para a construção de armazéns, aumentou durante a pandemia e teve mais um acréscimo de 20% em abril deste ano em decorrência da escalada do carvão e do minério de ferro, colocando mais um ingrediente complicador na capacidade de o Brasil estocar corretamente os seus grãos, como a soja. Para a engenheira agrícola e professora associada da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Solenir Ruffato, uma alternativa viável a este desafio é o silo bag.
“Temos um déficit de capacidade estática que há décadas é bem expressivo. Só na safra passada foram mais de 30% [de déficit], ou seja, mais de 70 milhões de toneladas de grãos deixaram de ser armazenados. Em Mato Grosso é ainda mais grave, com 33 milhões de toneladas de grãos [sem armazenar], o que dá 45% [da produção do estado]”, explica.
Com este cenário, Solenir afirma que o produtor começou a entender a necessidade do uso de bolsas. “É uma estrutura bastante dinâmica, muito viável, de baixo custo para armazenagem e o produtor não fica com aquela dúvida se continua armazenando soja ou armazena o milho porque, na grande maioria dos estados, os produtores têm infraestrutura para armazenar apenas um produto, principalmente na região central do Brasil, além de Norte e Nordeste”, afirma.
Segundo ela, como os silos deste tipo são uma opção de armazenagem que pode ser feita diretamente na lavoura, alguns cuidados são necessários. “As máquinas precisam estar muito bem reguladas para que não venha nenhuma impureza para dentro da bolsa, e a umidade é crucial e precisa estar dentro do padrão, ou seja, baixa umidade”, detalha.
Em função da colheita da soja acontecer em época de chuva em Mato Grosso, a engenheira conta que muitos produtores utilizam o silo bag como meio de armazenagem temporária da oleaginosa úmida. No entanto, ela ressalta que é necessário se atentar ao tempo em que o grão pode permanecer nesta condição.
“Também é importante que o produtor faça um bom preparo do terreno para que não tenha nenhum obstáculo que possa perfurar a lona, bem como isolar para que ali não haja trânsito de animais, mesmo que seja no meio da lavoura. Fazer o monitoramento periódico, assim como se faz nas estruturas convencionais, com a amostragem de grãos e o acompanhamento da umidade e da qualidade geral do produto”, instrui.
Solenir também destaca que o silo bolsa não permite a troca do ar externo com o interno, sendo uma opção de armazenagem hermética. “O grão, quando embolsado, acaba consumindo parte do O2 na respiração e liberando CO2. Em um ambiente com concentração de CO2, não é interessante para a proliferação de fungos e insetos, que são os vilões da armazenagem”.