Aves também podem contrair coronavírus, mas não o mesmo que tem trazido preocupação ao causar Covid-19 em humanos — cujo nome técnico é SARS-CoV-2. De acordo com o Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o coronavírus aviário não é transmitido para pessoas. Da mesma forma, o vírus observado em pessoas também não foi detectado nesses animais.
“A população não precisa ficar preocupada com a possibilidade de contrair coronavírus aviários, uma vez que os mesmos não são transmitidos para os humanos, pois não se trata de uma zoonose”, explica Renato Luís Luciano, pesquisador do Centro Avançado de Pesquisa Avícola do IB. “Portanto, o consumidor de carne de frango e ovos não precisa deixar de consumir esses alimentos”, diz.
- Roedores estão entre os piores inimigos da avicultura
- Manutenção de comedouros e bebedouros garante desempenho da produção de aves
Renato explica que o coronavírus aviário pertence à família coronaviridae, que inclui o gênero gammacoronavirus. O agente mais importante é o vírus da bronquite infecciosa das galinhas (VBI), que se replica no trato respiratório superior nas aves (traqueia e pulmões), e dissemina-se pelos tratos reprodutivo e intestinal, além de rins e tecidos linfoide. “Aves de todas as idades são susceptíveis e a transmissão da infecção por esse vírus ocorre por contato direto ou indireto, com morbidade e mortalidade variando de 5% a 20% dos infectados”, conta.
Os prejuízos relacionados com a bronquite infecciosa das galinhas afetam tanto a produção de carne, quanto a produção de ovos e incluem perdas econômicas ocasionadas pela diminuição de ganho de peso, queda nos índices produtivos, aumento nas taxas de mortalidade e condenação de carcaças.
Dados do Banco Mundial apontam a bronquite infecciosa das galinhas como a segunda enfermidade de maior impacto econômico no mundo. No Brasil, estudos de campo demonstram prejuízos de US$ 9,88 milhões em frangos de corte no Paraná e mais de US$ 1,6 milhão em galinhas reprodutoras.
Não há tratamento específico para a doença. Para o controle da VBI são adotadas medidas de biosseguridade, tais como limpeza, desinfecção das instalações e adoção de vazio sanitário. Para a prevenção, são utilizadas vacinas vivas ou inativadas. “No entanto, surtos de infecção pelo VBI continuam ocorrendo em aves vacinadas, devido à baixa proteção cruzada conferida pelas estirpes vacinais em relação às variantes de campo”, diz.
Segundo o pesquisador do IB, existem outros tipos de coronavírus que acometem as aves, como o TCoV nos perus e o GfCOV na galinha-d’angola. “Vírus análogos também foram detectados em faisões, pavões e codornas, além de não galiformes, como Columbiformes, Pelecaniformes, Ciconiiormes, Psittaciformes e Anseriformes. Porém não causam doença em humanos”, afirma o pesquisador.