As granjas que criam aves livres, em sistemas alternativos como os que produzem carne e ovos orgânicos, não precisam ser teladas para seguirem as novas regras estabelecidas pelo Ministério da Agricultura para a prevenção da influenza aviária. A exigência para estes sistemas é a de que a água e a ração consumida pelas aves fiquem protegidas, fora do contato de animais silvestres. O Ministério da Agricultura divulgou, em 21 de fevereiro, em evento em São Paulo, regras mais rígidas para que granjas comerciais previnam a contaminação dos plantéis pela influenza aviária.
A questão das criações alternativas havia despertado dúvida porque, no dia do evento de assinatura das novas regras, ocorrido na sede da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, citou justamente os sistemas alternativos de avicultura, afirmando que havia “uma nova onda de bem-estar animal”, em que se prevê que as galinhas “fiquem soltas e vão passear de tarde para botar ovo à noite”. “Essas coisas vão na contramão do que estamos fazendo (…). Pode vir sugestão, reclamação, mas o Brasil não vai mexer com isso”, disse ele no dia.
O diretor do Departamento de Saúde Animal (DSA) do Ministério da Agricultura, Guilherme Marques, esclareceu ao Broadcast Agro (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) que esse sistema produtivo continua viável, “desde que se protejam as fontes de alimento e água”. Ou seja, desde que o acesso a essas fontes seja franqueado apenas às aves do plantel, e não aos animais silvestres. Marques informou que as normas de biossegurança para sistemas alternativos foram estabelecidas em 2007.
Segundo ele, a determinação de preservar o local de alimentação desses animais, entre outros detalhes, é capaz de mitigar o risco da doença. Nesse tipo de criação, as aves podem pastorear soltas, ao ar livre, em determinados períodos do dia. Ou seja, parte das instalações, como as áreas de pastoreio, não pode ser telada.
Já para a maioria das criações mais convencionais, entre as providências, está a obrigatoriedade de proteger com tela os galpões, a fim de evitar que aves silvestres – principais vetores da doença – tenham contato com os plantéis.
O detalhamento das normas que tornam a biossegurança na avicultura brasileira mais rígidas foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) na sexta-feira, dia 3. As medidas estão sendo tomadas em virtude do aumento contínuo dos casos da doença em diversos partes do mundo, enquanto o Brasil é o único entre os principais produtores globais que nunca registrou casos.
Outras medidas
Quanto à entrada de produtos avícolas no País por meio da importação, Marques afirmou que o Ministério da Agricultura está fortalecendo seus controles de fronteiras e que a entrada itens como material genético ou pintos de um dia de países atingidos pela doença está suspensa, até que essas nações demonstrem que a situação está controlada em suas respectivas regiões.
Além disso, a pasta está investindo na atualização e na modernização de equipamentos que possam ajudar a identificar e controlar uma possível incidência da influenza de maneira mais eficaz e rápida. Entre as novas aquisições, o diretor do DSA informou que o governo importou dez equipamentos de eutanásia para aves, em um investimento de US$ 500 mil. “Estamos permanentemente monitorando a situação, estruturando e reestruturando as equipes de campo”, afirmou.