A alta dos preços dos grãos no mercado doméstico nos últimos meses teve pouco impacto na margem dos avicultores, disse o gerente de operações internacionais da BRF, João Prado, no Fórum XP Commodities. “Quando a alta é causada pela desvalorização cambial, o efeito na margem do produtor é mínimo, porque a relação da exportação com a produção acaba subindo.”
Conforme Prado, 2015 foi um ano importante para a avicultura brasileira, com aumento das exportações e de participação no mercado internacional. Além do avanço da competitividade do produto brasileiro, o surto de gripe aviária nos Estados Unidos também impulsionou a participação global do país.
De acordo com o gerente, a questão da sanidade deve continuar exercendo forte influência no mercado internacional no próximo ano. “Mais recentemente, tivemos o caso de influenza na França que pode gerar novas desconfianças no mercado”, disse.
Sobre a produção brasileira para o próximo ano, a perspectiva dele é de que a oferta avance acima do crescimento mundial e as exportações se mantenham em alta. Prado diz que a demanda interna deve ser mais favorável, com a migração de consumidores da proteína bovina, que está mais cara. Já nos Estados Unidos, a oferta deve crescer menos do que em 2015 e as margens dos produtores tendem a ficar mais apertadas, segundo o executivo.
Demanda colabora
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), em novembro o país embarcou 343,6 mil toneladas de carne de frango in natura. Na comparação com o mês anterior, o incremento no volume foi de 15,2%, e na comparação com igual período do ano passado, o acréscimo foi de 15,5%. O faturamento totalizou US$513,7 milhões em novembro, sendo o preço médio de US$1.494,8 por tonelada de carne.
A boa demanda externa, junto a uma procura interna aquecida tem colaborado com o setor. Segundo levantamento da Scot Consultoria, o frango vivo está cotado em R$3,10/kg em São Paulo, maior valor registrado da série. Na comparação com igual período do ano passado, os preços estão 31,9% maiores.