Canibalismo: mais de mil aves morrem em granja do Paraná

Para diminuir a fome dos animais, tem produtor administrando soro caseiro. O governo, por outro lado, demonstra preocupação com a sanidade animal em território brasileiro

A greve de caminhoneiros pelo Brasil chega ao seu 9º dia e produtores rurais já começam a enfrentar o prejuízo ocasionado pela falta de insumos em suas propriedades rurais. É o caso do avicultor João Martins Júnior, de Umuarama (PR), que somente nesta terça-feira, dia 29, perdeu mil aves, de um plantel de 200 mil.

“Todas estão com fome e o canibalismo começou a acontecer. Ontem, foram 120 animais e a mortalidade não parou. A esperança é que a ração chegue e a última informação que temos é de que um comboio estava vindo, mas que foi parado em um dos bloqueios”, disse o produtor.

A propriedade de João Martins, que possui oito aviários com 25 mil aves cada, lida com a falta de ração há sete dias. A expectativa é de que fossem entregues 350 toneladas do insumo, mas até agora nada chegou.

Para diminuir o prejuízo e a fome dos animais, o produtor está administrando soro caseiro. “Essa solução é paliativa, pois ela retarda a mortandade e mantém a ave mais calma”, contou

Sanidade
Na propriedade de Umuarama, os animais mortos estão indo para a compostagem, mas, se o volume aumentar, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná deverá ser acionada.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), desde o início da greve 70 milhões de aves morreram por falta de alimento. Diante dessa situação, o Ministério da Agricultura já autorizou os estados a fazerem um abate humanitário de animais que estão com fome.

De acordo com o secretário de Defesa Agropecuária, Luís Rangel, a escala de sacrifício dos animais com a greve dos caminhoneiros pode ser bem elevada e as alternativas para os produtores são muitas.

“Os planos de contingência são desenvolvidos para esses episódios sanitários e prevêem os sacrifícios desses animais. Com esse abate por falta de alimento aos animais, para evitar o sofrimento, recomenda-se um abate humanitário. Nesses casos, o que se recomenda após o abate, é o enterro dos corpos dos animais ou a incineração. Em último caso, pode ser feita também a compostagem, transformando esses cadáveres em adubo orgânico”, falou.