Há três anos, Alisson Dias Bernardes mantém um tanque de peixes no quintal da casa onde mora, no distrito de Paraná do Oeste, município de Moreira Sales. Para garantir a oxigenação da água, o rapaz tinha construído com as próprias mãos um sistema artesanal, usando o motor e o compressor de uma velha geladeira.
O motor, no entanto, queimou, trazendo um impasse ao jovem. Foi então que Alisson buscou a solução, inspirado no filme “O menino que descobriu o vento”, que assistiu durante atividade do Programa Jovem Agricultor Aprendiz (JAA), do Senar/PR.
Baseado em fatos reais, “O menino que descobriu o vento” conta a história real de William Kamkwamba, um jovem de 14 anos que vive em um vilarejo que historicamente enfrentava uma seca severa, no Malawi, país localizado no Sudeste da África. Mesmo com pouco acesso à informação, o rapaz construiu uma turbina eólica que permitiu bombear água para o cultivo de alimentos no povoado. Os esforços de William acabaram por salvar o vilarejo.
“Quando assisti ao filme durante as aulas, eu fiquei impressionado, mas ainda não tinha o problema. O problema surgiu quando queimou o motor do meu sistema de oxigenação de água”, conta Bernardes.
Assim como no filme, o jovem de Moreira Sales aproveitou os poucos recursos que tinha. Usando lâminas de lata de tinta, ele improvisou hélices, com as quais construiu um cata-vento. No novo sistema, a energia eólica mantém o funcionamento do compressor, que faz a oxigenação da água.
Desta forma, o rapaz conseguiu manter seu tanque caseiro em funcionamento. “O vento faz girar as hélices, que acionam o compressor, que oxigena a água”, sintetiza. “Hoje, tenho 25 tilápias e cinco cascudos. O sistema deu certo”, comemora.
A instrutora do programa na região, Linda Noara Pionkoski Grilo optou por passar “O menino que descobriu o vento” aos alunos como ponto de partida para discutir temas, como empreendedorismo, inovação, importância do conhecimento e oportunidades geradas pela ciência.
Assim que aluno colocou seu sistema em funcionamento, fez questão de dividir a experiência com a professora. “Ele entrou em contato para me mostrar. É uma sementinha que a gente plantou, que germinou e que está dando frutos. Eu fiquei muito feliz por ele ter aplicado esse conhecimento e por ter partilhado”, ressalta Linda. “O Alisson é um aluno muito dedicado, vai muito bem na escola. Ele é extremamente curioso, gosta de estudar, de ver o conhecimento aplicado”, acrescenta.
Tanque
A ideia para o tanque de peixes surgiu quando Alisson tinha apenas 12 anos. Na ocasião, ele viu vídeos no Youtube e ponderou que poderia criar peixes no quintal de casa, a partir de um sistema caseiro.
Para isso, ele usa uma caixa d’água de mil litros, além do sistema de oxigenação que fez com peças de geladeira. “Está dando certo. Já tivemos até carpas, mas elas já foram para a panela”, conta o rapaz.
Atualmente, Alisson cursa o 1º ano do Ensino Médio, no Colégio Estadual Maria Cândida de Jesus. Bom aluno, ele ainda não sabe que profissão quer seguir ou em que área pretende se especializar.
A única coisa de que não tem dúvidas é de que quer ter sempre o conhecimento e a ciência ao seu lado. “Eu pretendo fazer algo grandioso, algo importante”, diz Alisson. Alguém duvida de que ele vai conseguir?