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PESQUISA

Peixes: estudo revela novas espécies em rios do Nordeste

A descoberta, publicada na revista Systematics and Biodiversity, traz um novo olhar sobre a diversidade na região

Estudo identifica possíveis novas espécies em grupo de peixes endêmico da região Neotropical
Foto: Fapesp

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA) identificaram possíveis novas espécies de peixes do gênero characidium, conhecido popularmente como charutinhos ou mocinhas. A descoberta, publicada na revista Systematics and Biodiversity, traz um novo olhar sobre a diversidade desses peixes na região Neotropical.

A pesquisa envolveu a análise de mais de 4.400 exemplares coletados em rios do Nordeste brasileiro, incluindo as ecorregiões da Caatinga Nordeste, Mata Atlântica Nordeste, Drenagens Costeiras, Parnaíba e São Francisco. Ao todo, foram identificadas 15 espécies na região, das quais dez já eram conhecidas, enquanto quatro dependem de análises moleculares adicionais para confirmação e uma é certamente inédita na literatura científica.

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“Há espécies de characidium muito semelhantes entre si, que dificilmente são diferenciadas apenas pela morfologia externa”, explica Leonardo Oliveira Silva, pós-doutorando e primeiro autor do estudo. A investigação, que começou durante seu doutorado, contou com a colaboração da professora Angela Zanata, da UFBA, e foi o maior levantamento já realizado sobre o grupo, utilizando análises morfológicas e moleculares.

O trabalho revelou discrepâncias genéticas que indicam uma complexidade maior do que se pensava. Um exemplo foi a identificação de uma distância genética menor que 2% entre duas espécies com morfologia distinta: characidium bimaculatum e characidium deludens. Essa constatação levanta questionamentos sobre os critérios utilizados para delimitar espécies de peixes de água doce, indicando a necessidade de aprofundar as análises evolutivas.

Além disso, a pesquisa apontou que algumas espécies do Nordeste possuem ligação genética com espécies de outras ecorregiões da América do Sul, como o Alto Paraná e Tocantins-Araguaia. A hipótese é que esses peixes tenham migrado entre bacias hidrográficas durante períodos em que os corpos d’água se conectavam.

Com essas descobertas, os pesquisadores estão expandindo suas análises para rios de toda a América do Sul. O objetivo é elaborar a filogenia mais completa do gênero characidium já realizada.

“Graças a colaborações com pesquisadores de outros países, estamos conseguindo tecidos de espécies de toda a América do Sul. Assim, poderemos resolver questões fundamentais que ainda pairam sobre esses peixes”, destaca Zanata.

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