O Brasil produziu 841.005 toneladas de peixes de cultivo (tilápia, peixes nativos e outras espécies), em 2021, segundo um levantamento da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), divulgado nesta terça-feira (22).
O resultado representa um aumento de 4,7% sobre a produção de 2020 (802.930 toneladas).
“A piscicultura representa a atividade de produção animal que mais cresce nos últimos anos. Obviamente que isso decorre do consumo ainda baixo (menos de 5 kg por habitante ao ano), mas também das características dos peixes de cultivo em termos de qualidade e segurança. A atividade é extremamente profissional, trabalha com boas práticas e utiliza modernas tecnologias em genética, sanidade, nutrição e equipamentos”, ressalta Francisco Medeiros, presidente executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR).
Segundo a entidade, no país, a atividade envolve mais de 1 milhão de produtores e movimenta cerca de R$ 8 bilhões.
Tilápia
Principal peixe produzido em cativeiro no Brasil, a tilápia teve um excelente desempenho no ano passado. Segundo a PeixeBR, foram produzidas 534.005 toneladas, um crescimento de 9,8% sobre 2020 (486.255t).
Sozinha, a tilápia representou 63,5% da produção de peixes de cultivo.
Foram produzidos 262.370 toneladas de peixes nativos (31,2% do total), com recuo de 5,85% em relação a 2020. De acordo com a entidade, a questão ambiental, a falta de programas oficiais de apoio ao cultivo e dificuldades de mercado foram decisivos para esse desempenho do segmento.
As outras espécies (carpas, trutas e pangasius) foram responsáveis por 5,3% da produção total de 2021, atingindo 44.585 toneladas: 17% a mais do que no ano anterior.
Produtores
No Brasil, o Paraná manteve a liderança como o maior produtor de peixes cultivados do país. Em 2021, o estado produziu 188 mil toneladas, um crescimento de 9,3% em comparação com 2020.
São Paulo mantém-se na segunda colocação. Rondônia está em terceiro.
Entre os 10 maiores produtores de peixes de cultivo do país, sete tiveram crescimento em 2021 e três apresentaram desempenho negativo. Além de Rondônia, a produção foi menor em Maranhão – estado que vinha em alta nos anos anteriores, e Mato Grosso (-9%).
Cenário
Segundo a PeixesBR, a piscicultura nacional foi diretamente impactada pela elevação dos insumos e matérias-primas para alimentação animal. Além dos macroingredientes (milho e farelo de soja), destaque para os microingredientes importados, que subiram em dólar e enfrentaram problemas de abastecimento regular durante diferentes períodos do ano.
No mercado interno, a manutenção dos elevados níveis de desemprego e a consequente redução do poder de compra da população também dificultaram a comercialização de peixes com rentabilidade aos produtores, especialmente em estados das regiões Norte e Nordeste.
“Não foi um ano fácil para os produtores de peixes de cultivo. A realidade foi muito diversa nos estados. Alguns mercados encontraram formas de manter ou até elevar os níveis de comercialização e outros enfrentaram mais dificuldades. A pandemia foi decisiva para este cenário, assim como foi – e está sendo – para a economia brasileira como um todo”, explica Medeiros.
Entre os pontos positivos do ano, o presidente executivo da PeixeBR destaca o crescimento das exportações e também o contínuo investimento das empresas verticalizadas em novos produtos para incentivar o consumo.