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Peixes

SUS pode adotar pele de tilápia no tratamento de queimaduras

Segundo o criador da técnica, o couro pode ser deixado sobre o ferimento por vários dias e tem mais colágeno, o que melhora a cicatrização e evita infecções

tilápia
Foto: M. Hasan/FAO

Uma técnica simples, barata e menos dolorosa para o tratamento de queimaduras de segundo e terceiros graus poderá ser incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS). A pesquisa sobre o uso da pele de tilápia para o tratamento de queimados foi desenvolvida pelo médico pernambucano Marcelo Borges.

Segundo ele, o couro do peixe pode ser mantido nas queimaduras por vários dias e tem duas vezes mais colágeno do que a pele humana, o que melhora a cicatrização e evita infecções e perda de líquidos e proteínas.

“A tilápia funciona como um curativo biológico. Isso faz com que haja uma redução tremenda no risco de infecção, mas sobretudo uma grande redução da dor que é bem característica no tratamento das queimaduras”, destaca Borges.

Morador de Fortaleza, o soldador Clayton da Silva sofreu queimaduras de terceiro grau no tórax, braços, pescoços e rosto que foram tratadas com a técnica. “Ameniza muito a dor porque evita a troca de curativos que, com certeza, causa mais dor e sofrimento”, pondera.

Quase todos as vítimas de queimaduras dependem do serviço público

Segundo o médico, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda analisa a eficácia da tecnologia. Somente após a aprovação do órgão regulador, a técnica poderá ser utilizada em hospitais públicos que trabalham com tratamento de queimados.

Cerca de 97% dos queimados são tratados pelo SUS. Atualmente, os hospitais públicos usam pele de cadáver para recuperação inicial desses pacientes. Segundo Borges, a pele de tilápia poderá ser empregada na fase de cicatrização das feridas.

O presidente da Sociedade Brasileira de Queimados e cirurgião plástico, José Adorno, explica que para ser eficaz ao tratamento, a pele de tilápia deve seguir alguns critérios. “Os enxertos temporários de pele, ou substitutos temporários de pele, têm que ser baratos, de fácil utilização, não podem ocasionar reações adversas e têm que ter biossegurança”, destaca.

Governo deu primeiro sinal positivo

Borges apresentou o estudo ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. No fim de fevereiro, o presidente falou sobre a técnica em uma postagem no Twitter. Na ocasião, ele disse que “o uso pele da tilápia tem se revelado excelente”. Ele adiantou que o governo proporia estudos e, comprovada a eficiência científica, levaria à análise do Ministério da Saúde “para a adoção como terapia de cura alternativa e possivelmente mais barata que as existentes”.

Borges diz que a ideia é expandir o tratamento, que já ocorre de forma experimental em alguns estados, para todo o Brasil. Países como Alemanha, Estados Unidos, Holanda, Guatemala e Colômbia também estudam o benefício do tecido.

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