Pecuária

Produção de ração animal deve crescer até 4% em 2020

No primeiro trimestre deste ano, o incremento foi de 4,5%. Bom momento do mercado de proteínas dá impulsa a este elo da cadeia produtiva

boi concentrado ração
Foto: Juliana Sussai

Cerca de 19 milhões de toneladas de ração animal foram produzidas no primeiro trimestre de 2020, alta de quase 4,5% em relação ao mesmo período do ano passado, aponta o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). A expectativa é de que até o fim de 2020 esse montante salte para mais de 80 milhões de toneladas, representando crescimento de até 4% se comparado às estimativas de 2019.

Segundo a entidade, o crescimento do setor está ligado ao bom momento das proteínas animais. “Hoje, o país é um dos maiores supridores de proteína animal do mundo. A China, por exemplo, com a situação interna da carne suína, possui um déficit de 40% na proteína animal, e tenta compensar essa escassez por meio da carne brasileira. Além disso, no mercado interno, o resultado foi bom durante o primeiro trimestre sob o ponto de vista de produção e da demanda do consumidor”, pontua.

Avicultura de corte

O produtor de frangos de corte demandou 9,1 milhões de toneladas de ração de janeiro a março, avanço de quase 4%, marca alinhada àquela prevista ainda antes da pandemia, ou seja, ancorada na percepção do consumo doméstico crescente e da continuidade da necessidade chinesa por proteína animal que continuaria mirando também a carne de frango.

Segundo o Sindirações, apesar do cenário futuro apontar profunda depressão econômica com taxa de desemprego às alturas, o auxílio emergencial liberado pelo governo federal, apesar de provisório, preferencialmente será gasto na compra de alimentos. “Combinado ao fenômeno, o persistente déficit interno chinês pelas carnes pode manter o ritmo ajustado da cadeia produtiva brasileira, e em consequência assegurar avanço de 4% na produção de rações para frangos de corte durante o ano de 2020”, projeta.

Avicultura de postura

O consumo de ovos foi intensificado em substituição às carnes, por conta dos efeitos econômicos gerados pela pandemia. Em consequência, o crescente e contínuo alojamento de poedeiras, apurado no primeiro trimestre, demandou mais de 1,7 milhão de toneladas de ração, avanço de 5% quando comparado ao mesmo período do ano passado.

“O descarte das aves mais velhas por conta dos excedentes e o clima frio do outono/inverno deve ajustar naturalmente a produtividade à demanda”, diz. A previsão é que a produção de rações para galinhas de postura contabilize 6,8 milhões de toneladas no corrente ano.

Suinocultura

As crises sanitárias e simultâneas na China (peste suína africana e Covid-19) aprofundaram o déficit de proteína animal e incrementaram ainda mais as remessas brasileiras de carne suína àquele destino.

A mobilização de mais animais para abate estimulou a cadeia produtiva que demandou mais de 4,3 milhões de toneladas de rações, ou crescimento de aproximadamente 4,5%, quando comparado ao período de janeiro a março de 2019.

Apesar dos esforços chineses para restabelecimento da produção local, a dependência por suprimento externo deve estabelecer novo recorde à pauta exportadora brasileira, assegurar o avanço da cadeia produtiva durante o ano, e assim permitir a produção de mais de 18,5 milhões de toneladas de rações para suínos.

Bovinocultura de corte

A produção alcançou quase 950 mil toneladas e revelou incremento de 5%, em resposta ao plantel de mais de 10 milhões de cabeças, submetidas aos regimes combinados de confinamento e semiconfinamento.

“Apesar do vigoroso desempenho na exportação de carne bovina, o custo do milho em patamar elevado, além do preço da reposição e daquele pago por arroba do animal terminado é que determinam a intensidade e o interesse nas atividades de cria, recria e terminação”, diz.

A previsão é que nesse corrente ano a produção de ração para bovinos de corte contabilize 5,3 milhões de toneladas e avance 2,5% sobre as 5,17 milhões de toneladas produzidas em 2019.

Bovinocultura de leite

A cadeia pecuária leiteira, por sua vez, demandou mais de 1,5 milhão de toneladas de janeiro a março, avanço de 6%. “Demonstra o ímpeto na utilização das rações, motivado pela necessidade de complementar as pastagens que sofreram bastante diante da estiagem, pela disputa na captação do leite in natura pelos laticínios, pelo vigoroso consumo dos lácteos no varejo e também pelo preço que remunerou muito bem o produtor”, diz.

A perspectiva de prorrogação do auxílio emergencial que assegura remuneração básica aos milhões de desempregados deve continuar favorecendo o consumo de leite e então sustentar o ritmo da produção, segundo o Sindirações. Esse cenário pode levar a indústria de alimentação animal contabilizar 6,5 milhões de toneladas de rações para o rebanho leiteiro.

Aquicultura

A produção de ração para peixes e camarões durante o primeiro trimestre somou 393 mil toneladas. De acordo com a entidade, isso reflete o recorde apurado no povoamento de tilápias e no dinamismo da produção integrada pelas cooperativas no Paraná. “A carcinicultura, por sua vez, retrocedeu bastante a partir da interrupção das atividades dos bares e restaurantes”, diz.

Acreditando no efeito amenizador do auxílio emergencial que prioritariamente serve à compra de alimentos e pela capacidade das cooperativas pulverizar a distribuição dos produtos semiprontos no varejo permite à Sindirações prever a produção de 1,39 milhão de toneladas de rações para aquicultura industrial.