Depois de participar de audiência na Comissão de Agricultura do Senado sobre a suspensão da importação de aves brasileiras por parte da União Europeia, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que a relação com o bloco europeu vai mudar, deixando para trás um comportamento apenas reativo.
Maggi informou já ter conversado com o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, sobre o assunto e, usando uma expressão popular, comentou que, “agora, será uma no prego outra na ferradura”.
O deslistamento de frigoríficos que exportavam carnes de aves para o bloco europeu, de acordo com o ministro, ainda tem etapas a serem superadas até que seja revertido. Maggi lembrou que da última missão realizada em janeiro por técnicos europeus até agora não foi enviado relatório com informações sobre o resultado da visita.
“Fizeram uma grande incursão no país, visitaram vários frigoríficos, várias granjas e a impressão que nos deixaram foi muito positiva comparada com uma missão anterior”, afirmou.
De acordo com o ministro, quando esse relatório de janeiro chegar ao ministério será analisado e respondido e que, cabendo fazer algum ajuste, será feito. Depois disso, nova missão poderá ser enviada ao Brasil. Mas fez questão de destacar que há mais interesses envolvidos na suspensão das importações, por parte dos europeus, do que alegadas questões envolvendo presença de salmonella. “Claro que há muita coisa no meio acontecendo, entre elas, a negociação de acordo com o Mercado Comum do Sul Mercosul”.
No fim de abril, por unanimidade, ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) autorizaram o início das tratativas de abertura de contencioso junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) contestando barreiras impostas pela UE à carne de aves. O argumento é de que a suspensão tem caráter comercial e não sanitário, já que mediante o pagamento de tarifa extra-cota, as exigências sanitárias quanto a salmonellas são reduzidas de 2.600 tipos da bactéria para dois.
“A questão de fechamento de carne não era de saúde pública, era mercado. Tanto que, com o pagamento extra de 1024 euros por tonelada, você entrava com a salmonela na Europa. Por quê? Porque ela não faz mal à saúde, está presente nos alimentos”, disse o ministro.