Pesquisa feita na USP (Universidade de São Paulo) revela que cerca de 4.000 avícolas operam na clandestinidade em São Paulo e sem as mínimas condições de higiene. A prática informal do abate de aves expõe as pessoas que consomem carne de frango e ovos a vários tipos de doenças. Segundo a Agência USP de Notícias, o consumidor corre o risco de levar para casa carne de animal doente abatido em locais sujos, degradantes e insalubres.
De acordo com a pesquisa, essas empresas fazem a revenda de aves adquiridas em granjas industriais que descartam os animais quando estes já estão no final de sua vida produtiva, relata o médico veterinário e coordenador da pesquisa, André Luiz Assi.
Junto com a Coordenação de Vigilância em Saúde do Município de São Paulo (Covisa), Assi acompanhou a vistoria aos estabelecimentos e disse que as aves (galinhas, galos, frangos e patos) vendidas nessas condições estão mais debilitadas e podem ser responsáveis pela transmissão de doenças graves, como é o caso da gripe aviária.
O surgimento da doença, que se tornou epidemia em 2003 no Sudeste Asiático, ficou diretamente relacionado às aves que ficavam acondicionadas em situações semelhantes.
Nas vistorias aos estabelecimentos, a equipe da Vigilância Sanitária encontrou uma situação bastante preocupante. Havia muita sujeira, dejetos em recipientes inadequados utilizados para a produção, animais sem origem de procedência e sem a certificação sanitária, além do risco de proximidade de contaminação cruzada das carnes com penas, fezes e outros excrementos.
Também não era assegurado o bem-estar animal e tampouco dos funcionários que trabalhavam no local, que nem sequer usavam equipamentos adequados para manipulação dos alimentos.
A pesquisa ressalta que, embora o Brasil tenha destaque no setor da avicultura no mercado externo e possua elevados padrões tecnológicos de produção, uma parte dos produtos comercializados no mercado interno apresenta baixa qualidade por não ter inspeção veterinária e descumprir as normas vigentes.