O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a retirada do país do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. A decisão, revelada durante seu discurso de posse na última segunda-feira (20), reforça sua visão de que o tratado prejudica a economia americana e beneficia outros países.
Essa é a segunda vez que Trump retira os Estados Unidos do acordo. A primeira ocorreu em 2017, mas foi revertida durante o governo de Joe Biden em 2021. Agora, o processo de saída deve levar um ano para ser concretizado, conforme as regras do tratado.
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O Acordo de Paris foi criado em 2012, durante a COP21 da Organização das Nações Unidas, realizada na capital francesa. Ele propõe que os governos adotem medidas para conter o aumento da temperatura global em até 2 ºC em relação aos níveis pré-industriais, além de buscar limitar o aquecimento a menos de 1,5 ºC, visando prevenir os efeitos mais severos da crise climática.
Peso global da decisão de sair do Acordo de Paris
Os Estados Unidos são o segundo maior emissor de gases de efeito estufa e desempenham um papel crucial na agenda climática. Na visão de Talita Martins, professora da Trevisan Escola de Negócios, sem esse compromisso da maior economia do mundo, o impacto no esforço coletivo global pode ser significativo.
“A ausência dos Estados Unidos no Acordo de Paris enfraquece a pressão internacional por ações climáticas e compromete a credibilidade do acordo”, alerta.
A especialista cita ainda a necessidade de ações coordenadas para limitar o aquecimento global, após 2024 ser registrado como o ano mais quente da história. De acordo com Martins, a decisão ocorre em um momento crítico e pode gerar um efeito dominó, incentivando outros países a flexibilizar seus compromissos climáticos.
Repercussões para o Brasil e para o agro
Para o Brasil, a saída dos Estados Unidos do tratado climático gera desafios e oportunidades. Como um dos maiores exportadores de commodities agrícolas, o país pode enfrentar maior pressão por sustentabilidade nos mercados internacionais.
“Fortalecer mecanismos de rastreabilidade e combate ao desmatamento é sempre importante para garantir acesso aos mercados internacionais”, ressalta.
Para a professora, o país também precisa liderar pelo exemplo em energia renovável, bioeconomia e restauração florestal, mostrando que é possível crescer economicamente e contribuir para o cenário global de redução das emissões.
Oportunidades no setor privado
Mesmo com a redução esperada de recursos financeiros para ações climáticas, há espaço para o setor privado preencher essas lacunas. Além disso, a ausência americana pode abrir espaço para o setor privado liderar soluções climáticas.
Martins também chama a atenção para a realização da COP30 no Brasil, o que traz uma oportunidade de atrair investimentos e demonstrar liderança em energia renovável e bioeconomia, reafirmando o protagonismo do país na agenda ambiental.
“A inovação pode se tornar um diferencial competitivo, criando novos mercados e fortalecendo a imagem do Brasil como parceiro confiável no comércio global”, afirma Talita Martins.
Sobre a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, a professora ressalta que, embora represente um retrocesso, isso reforça a urgência de liderança responsável em um momento em que as decisões de hoje moldam o futuro climático do planeta.