Na última semana, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) entregou ao governo federal um documento solicitando medidas emergenciais para tentar diminuir os efeitos das adversidades climáticas nas lavouras.
Prevenir o endividamento e resguardar os produtores foi o principal objetivo do documento, segundo o diretor executivo da Abrapa Márcio Portocarrero.
De acordo com o representante, o documento foi formatado em conjunto com especialistas e líderes da cadeia do algodão no Brasil. “Vem no sentido de dar força para o ministro Carlos Fávaro negociar as medidas emergenciais de socorro com a área econômica do governo”, afirma Portocarrero.
Impactos do clima
No país, os impactos do clima na produção de grãos, que aumentaram os custos do produtor, acabaram afetando também o algodão, já que 62% da produção da fibra se dá em áreas de segunda safra.
De acordo com a avaliação da Associação, o produtor pode não conseguir honrar compromissos de custeio e de investimentos da produção de soja, o que deve afetar o fluxo de caixa e comprometer o algodão.
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“Essa dificuldade dos produtores pode nos atrapalhar no plano de ocuparmos o mercado mundial”. Márcio Portocarrerro, diretor executivo da Abrapa.
As medidas emergenciais listadas foram resumidas em quatro pontos principais: a liberação de recurso emergencial para capital de giro; renegociação das dívidas contraídas; articulação junto ao congresso nacional para alocação de recursos no Ministério da Agricultura e Pecuária que serão revertidos para a política de garantia de preço mínimo (PGPM); e o fortalecimento do Seguro Rural.
De acordo com o diretor da Abrapa, o anúncio das medidas está sendo aguardado para os próximos dias e vai dar mais segurança ao produtor.
Produção
A Abrapa projeta uma produção de 3,3 milhões de toneladas de algodão na safra 23/24, o que representa um crescimento de 3% em relação a temporada passada.
De acordo com o Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), as lavouras da fibra em Mato Grosso, maior produtor da pluma, devem somar 1,3 milhão de hectares.
Na Bahia, segundo maior produtor, o plantio está em fase de finalização e a área cultivada é de 344 mil e 500 hectares. O número é 10% maior do que o registrado na safra 22/23.
A produtora e vice-presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) Alessandra Zanotto afirma que ainda é cedo para falar de produtividade nesta temporada.
“A gente tem boas condições de safra, mas o custo não caiu como deveria. É necessário sim estarmos em alerta”, afirma Alessandra.
De acordo com o analista de mercado João Pedro Babstini, apesar das dificuldades, a perspectiva de boa produção do algodão no País deve garantir o abastecimento do mercado.“A gente já tem estoques confortáveis e uma expectativa muito boa pra exportação”, diz ele.
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