Brasil e Japão assinaram nesta segunda, dia 29, um acordo de cooperação, em Palmas, que permitirá investimentos na região de Matopiba, a nova fronteira agrícola brasileira situada nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, de acordo com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A assinatura foi feita durante o “Diálogo Brasil-Japão – Intercâmbio Econômico e Comercial em Agricultura e Alimentos”, realizado nesta segunda pelo Mapa.
“Este é um momento histórico na relação entre as duas nações e inaugura um novo tempo para a região do Matopiba”, disse a ministra Kátia Abreu. Ela lembrou que o Brasil abriga a maior população japonesa no exterior, com 1,5 milhão de pessoas. E enfatizou: “Essa amizade proporciona uma enorme oportunidade de negócios para os dois países.”
O presidente da Mitsui & Company (empresa que investe em ferrovias), Shinji Tsuchia, ressaltou que o Brasil é o maior exportador mundial café, suco laranja e açúcar e segundo maior de carne bovina. A maior parte das terras agricultáveis do mundo está na América do Sul. “O Brasil será o grande produtor agrícola mundial, atendendo a demanda global”, disse.
Segundo Tsuchia, como a maior produção de milho e soja está acima do paralelo 16, há necessidade de investimentos de infraestrutura e logística no Matopiba a fim de facilitar o escoamento e reduzir o chamado “custo Brasil”. Neste sentido, de acordo com o executivo, estão sendo feitos estudos em conjunto com o governo brasileiro.
O governador do Maranhão, Flávio Dino, destacou a importância do Porto de Itaqui (MA) para o escoamento da safra. “O porto de Itaqui é o porto do Matopiba”, assinalou. É o local de saída dos produtos agrícolas que fica mais ao norte do país e, portanto, significa menos custos para exportação para os produtores e empresários da região. Segundo o governador, estão previstos investimentos da ordem de R$ 1,3 bilhão no porto, no período de 2016-2017. “Os recursos, da iniciativa privada e pública, já estão garantidos”, assegurou Dino.
Metas brasileiras
A ministra falou sobre as potencialidades na região e a previsão de investimentos. O Matopiba tem 6,1 milhões de hectares irrigáveis. “Para expandirmos a irrigação, precisamos R$ 114 milhões para 2280 Km redes de energia para a região”, estimou. O governo prevê a instalação de 11 novas estações meteorológicas.
Kátia Abreu disse que a Conab vai construir quatro armazéns para grãos, com capacidade de 88 milhões de toneladas e investimentos de R$ 100 milhões. Além disso, está prevista a instalação de duas Ceasas no Matopiba, no valor total de R$ 24 milhões; dois centros de tecnologia de agricultura e baixo carbono nos municípios de Luís Eduardo e Bom Jesus com parcerias públicas e privadas e implantação de um centro tecnológico em silvicultura e agricultura de baixo carbono.
Durante o encontro foram criadas a Frente Estadual Parlamentar da Região do Matopiba e Frente Municipalista dos Prefeitos da Região de Matopiba. As frentes vão trabalhar pela busca de investimentos e de políticas públicas para o desenvolvimento da região. “Vamos ajudar a viabilizar negócios e fazer com que o Matopiba seja cada vez mais forte”, afirmou o prefeito de Gurupi, Laurez da Rocha Moreira. O município de 83 mil habitantes que fica no sul do Tocantins.
Nova fronteira agrícola
O Matopiba se destaca pela produção de grãos como soja, milho, arroz e algodão. Compreende uma área de 73 milhões de hectares, com 377 municípios e mais de 25 milhões de habitantes. A região tem mais de 324 mil estabelecimentos agrícolas. Atualmente responde por 10% da produção de grãos do país. O Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário somou R$ 1,3 trilhão em 2014.
No ano passado, foi criado o Plano de Desenvolvimento Econômico do Matopiba por meio de decreto da Presidência da República. É um instrumento de planejamento para modernização, competitividade, incremento de renda, mobilidade social e sustentabilidade. Os três principais eixos do plano são infraestrutura, inovação e desenvolvimento tecnológico e o fortalecimento da classe média rural.