Produtores rurais tomaram as ruas da cidade com carros, máquinas agrícolas e tratores e fizeram um buzinaço. No domingo, dia 14, uma integrante e esposa do líder dos movimentos sociais foi presa por posse de arma de fogo. Ela pagou fiança e foi liberada. A manifestação mostra o agravamento da situação de tensão entre a classe produtiva local e os movimentos sociais. Desde o ano passado, duas mil famílias ocupam uma fazenda na cidade e ameaçam constantemente invadir outras propriedades.
Para Francisco José Martins Neto, presidente do recém-criado Movimento Agricultores Unidos, a luta é pelo direito de produzir.
– Estamos defendendo a nossa região, a coletividade, não importa de quem é a fazenda. O MST e a FNL estão inviabilizando a nossa região, pois ainda ameaçam invadir outras fazendas. Nós queremos o direito de plantar e colher com segurança e não estamos conseguindo – afirmou.
Segundo ele, o sentimento é de tensão e medo de existir conflito.
– Os produtores não vão deixar invadir fazenda de mais ninguém aqui – garantiu.
Recentemente, um grupo de agricultores fechou o acesso a uma fazenda com caminhões e maquinário agrícola para impedir a entrada de integrantes do MST e da FNL na propriedade.
O Movimento Agricultores Unidos, criado para defender os direitos da classe rural local, reúne mais de 100 agricultores e pecuaristas de São João D’Aliança, Alto Paraíso, Água Fria e Niquelândia.
Histórico
Desde dezembro de 2014, duas mil famílias estão acampadas em uma fazenda do município. No dia 6 de junho, integrantes do MST e FNL ocuparam outra propriedade, mas saíram do local após negociações com a Polícia Militar e protestos de produtores em frente à propriedade. Depois disso, um grupo de agricultores já se reuniu com a Ouvidoria do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para relatar o clima de tensão, mas não obteve sucesso com a demanda de desocupação.
A fazenda ocupada em São João D’Aliança está sob bloqueio judicial, uma vez que o proprietário, Abib Miguel, ex-tesoureiro da Assembleia Legislativa do Paraná, foi condenado por corrupção a 37 anos de prisão.