O agronegócio deve crescer até 3,8% em 2017 se o clima for favorável à produção agropecuária e deve ajudar o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro a avançar 2% no próximo ano, segundo avaliação do economista e sócio da MB Associados José Roberto Mendonça de Barros.
Ele lamentou, no entanto, que o setor agropecuário não tenha conseguido contribuir para uma melhora no desempenho da economia ainda este ano, justamente por conta do impacto climático nas lavouras de verão.
Segundo estimativa da MB Associados, o PIB do segundo trimestre de 2016, contaminado também pelo fraco desempenho de outros setores da economia, deve recuar 0,7% e, no segundo semestre, parará de cair. Outra preocupação para players do agronegócio, na avaliação de Mendonça de Barros, é a recente valorização do real ante o dólar e a possibilidade de a moeda norte-americana romper suportes de R$ 3,20 e até mesmo dos R$ 3,10 no curto prazo.
“A pergunta é se o dólar vai testar os R$ 3. Não acho fora de propósito cair abaixo de R$ 3,20, testando R$ 3,10 mais ou menos na conclusão do processo de impeachment, pois tem muito recurso para entrar no Brasil”, disse o economista. Mendonça de Barros afirmou que o cenário recente, no qual os alimentos pressionaram a alta da inflação, ocorreu por conta da queda da produção agrícola com os impactos climáticos, bem como pela produtividade estagnada.
Ainda segundo ele, o governo federal vive uma “escolha de Sofia” entre a possibilidade de se aumentar a Contribuição de Intervenção Sobre o Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina para ampliar a arrecadação e, ao mesmo tempo, gerar uma alta na inflação. “Arrecadação proveniente da Cide seria mais do que bem-vinda e, por outro lado, a pressão da inflação, principalmente de alimentos, está tão forte que prevalecerá a ideia de deixar mais para frente (o aumento da Cide)”, disse. “Não estou dizendo que não terá (aumento), mas a preocupação com inflação vai prevalecer.”