Agricultura

Alimentos: 'Gargalos por causa do coronavírus preocupam', diz Rabobank

O banco diz que restrições de alguns governos à exportação para garantir o abastecimento doméstico é motivo de preocupação, além de fronteiras fechadas

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Entenda como fica o cenário de alimentos no mundo durante a pandemia de coronavírus. Foto: Pixabay/montagem

A oferta global de grãos e oleaginosas deve ser suficiente para atender à demanda, mas a pandemia de coronavírus está criando vários gargalos sensíveis na cadeia de suprimentos, segundo relatório do Rabobank.

A expectativa por enquanto é de safras robustas de trigo, arroz, milho e soja, diz o banco, acrescentando que a commodity que corre maior risco é o óleo de palma, devido à grande necessidade de trabalho manual e ao fato de que a safra precisa ser processada rapidamente após a colheita.

O Rabobank destaca que os preços de grãos estão voláteis em 2020, mas têm apresentando melhor desempenho que o de hard commodities como o petróleo.

No momento, o banco não prevê redução expressiva da área plantada por causa da pandemia, mas diz que a disponibilidade de fertilizantes, sementes e defensivos precisa ser monitorada.

A corrida aos supermercados em meio ao pânico gerado pelo vírus e o aumento dos estoques do governo em vários países resultaram em aumento no curto prazo da demanda por arroz, trigo, farinha e alimentos não perecíveis com base de amido, diz o banco.

Segundo o Rabobank, a maior queda da demanda deve ser observada na indústria de biocombustíveis. O óleo de soja é uma das principais matérias-primas usadas na fabricação de biodiesel, enquanto o etanol nos EUA é feito principalmente com milho.

O banco diz também que a demanda por grãos para ração animal vai depender de vários fatores, entre eles a disponibilidade de funcionários para abate e processamento.

O Rabobank diz que restrições de alguns governos à exportação para garantir o abastecimento doméstico é motivo de preocupação. “Tendo em vista a concentração das exportações em alguns países, proibições podem ter um sério impacto sobre a oferta global”, afirma o banco, citando medidas adotadas por Vietnã, Rússia e Casaquistão.

Já a interrupção da circulação de mercadorias, com o fechamento de fronteiras na Europa ou restrições ao transporte em vias municipais, como na Argentina, pode atrapalhar também o fornecimento de produtos das fazendas para as unidades de processamento e portos, diz o Rabobank. Nos portos, inclusive, os procedimentos estão levando mais tempo por questões de higiene e segurança.

Embora os setores de alimentos, agronegócios e energia sejam considerados essenciais, o fechamento de algumas indústrias, ativos ou regiões por causa do coronavírus pode afetar a oferta. O banco cita como exemplo o fechamento temporário pelo governo da Malásia da indústria de óleo de palma em Sabah.