O consultor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Eduardo Soares de Camargo, afirmou nesta segunda, dia 3, que a alta do dólar “gerou um equilíbrio” para o produtor nacional, que tem lidado com a queda dos preços internacionais das commodities agrícolas.
– É o único setor que está crescendo e que tem potencial para crescer no Brasil – disse ele, antes do início do 14º Congresso Brasileiro do Agronegócio, em Sâo Paulo.
Conforme ele, o agronegócio do país será responsável por suprir 40% de todo o incremento de demanda global por alimentos nos próximos anos. Camargo ponderou, contudo, que a falta de gestão por parte do governo prejudica o crescimento do setor.
– Falta uma política de longo prazo que dê segurança ao produtor. O setor investe pouco porque tem desconfiança – comentou.
– O governo poderia, por exemplo, oferecer um dinheiro de longo prazo para ser tomado, e não disponibilizá-lo a cada ano com condições diferentes – acrescentou, em referência ao Plano Safra.
O 14º Congresso Brasileira do Agronegócio será realizado até a terça-feira, 4, com palestras relativas a vários setores da atividade.
“Extremos de produtividade”
Na abertura do evento, o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, considerou que o agronegócio brasileiro necessita de maior “investimento, preparo técnico e planejamento” para reduzir os extremos de produtividade observados no país.
Para exemplificar, a liderança citou a cultura de cana-de-açúcar. No Centro-Sul, principal região produtora do país, o rendimento chegar a variar de 67,4 toneladas a 82,4 toneladas por hectares, em média. É essa diferença que deve ser reduzida, afirmou Corrêa Carvalho.
Ele ponderou, contudo, que “falta ambição de longo prazo” por parte do governo para com o setor.
– Perdemos nos últimos anos as estabilidades econômica e política. Estamos saindo de um desastre, mas muito lentamente – comentou.