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Após impasse com China, EUA podem perder mercado japonês

Isso porque no próximo dia 30 de dezembro, Tóquio vai começar a reduzir tarifas e flexibilizar cotas para produtos vendidos por alguns dos maiores concorrentes do setor agrícola dos Estados Unidos

Foto: The White House

Após a queda das exportações para a China, agricultores e pecuaristas norte-americanos estão se preparando para perdas em seu segundo maior mercado asiático, o Japão. Em 30 de dezembro, Tóquio vai começar a reduzir tarifas e flexibilizar cotas para produtos vendidos por alguns dos maiores concorrentes do setor agrícola dos Estados Unidos, como Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Chile.

A medida faz parte do Acordo Compreensivo e Progressivo para a Parceria Transpacífica, que conta com 11 países-membros. Os EUA faziam parte do bloco originalmente, mas o presidente Donald Trump retirou o país do acordo no ano passado, alegando que a parceria prejudicaria fabricantes norte-americanos de automóveis e autopeças.

Em 1º de fevereiro, Tóquio começa a implementar o acordo comercial entre Japão e União Europeia, reduzindo tarifas sobre produtos do bloco e ajudando concorrentes dos EUA como França, Espanha, Itália e Holanda.

Diferentemente da China, o Japão não está impondo tarifas retaliatórias contra produtos dos EUA. Em vez disso, está acelerando uma ambiciosa agenda de abertura de mercado com mais de três dezenas de países ao redor do mundo. Mas o efeito será parecido. As medidas japonesas “ameaçam reduzir a participação de mercado dos EUA e afetar o lucro de exportadores norte-americanos ao dar acesso preferencial a concorrentes internacionais”, alertou em maio o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Vince Peterson, diretor da U.S. Wheat Associates, entidade que promove o trigo norte-americano no exterior, disse que o Japão é o maior, mais confiável e mais valioso mercado para o trigo dos EUA. Segundo ele, em breve os concorrentes dos EUA vão poder vender trigo para o Japão com uma tarifa bem mais baixa do que a aplicada ao produto norte-americano.

Já a Federação Americana de Exportação de Carne disse que os novos acordos comerciais do Japão vão causar perdas anuais de mais de US$ 1 bilhão dentro de cinco anos na exportação de carne bovina e suína.