O governo federal está elaborando um Programa Nacional de Bioinsumos. De acordo com a coordenadora da área no Ministério da Agricultura, Mariane Vidal, a intenção é ampliar e fortalecer o setor com políticas de crédito e incentivo.
O número de registro de novos produtos biológicos cresceu de apenas 3, em 2011; para 106, no ano passado. Este último número já foi superado nos primeiros oito meses de 2019, quando 107 produtos chegaram ao mercado. Hoje, 72 empresas atuam no setor.
A utilização de bioinsumos – vírus, substâncias de insetos e predadores naturais no combate às pragas – é bastante comum na produção de orgânicos e também reduz a dependência de agroquímicos na produção convencional. Para a pesquisadora Rose Monnerat, que há 30 anos estuda o tema na área de recursos genéticos e biotecnologia da Embrapa, a rica biodiversidade brasileira é um trunfo para o avanço do controle biológico.
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A estudiosa participou de debate sobre o tema em audiência pública da Câmara dos Deputados, na semana passada, e alertou que regras claras e investimento em pesquisa são fundamentais. “Por se tratar de área em expansão, é importante que mais pesquisas sejam realizadas. A gente não conhece quase nada da nossa biodiversidade e podemos estar perdendo alguns inimigos naturais importantíssimos que poderiam estar nos ajudando a controlar pragas”, defendeu Monnerat.
A diretora da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), Amália Borsari, afirmou que o uso de defensivos em manejo integrado de pragas é a peça-chave para uma agricultura do futuro. “Há muito espaço para crescimento do mercado de biológicos tanto no Brasil como no restante do mundo. Entretanto, esse crescimento só será sustentável se a qualidade dos produtos e a regulamentação forem sólidas”, disse.
Evolução
O controle biológico de pragas é prática antiga. Desde o século 3, os chineses usam formigas predadoras para controlar pragas. No fim do século 19, besouros se tornaram eficazes no combate a doenças agrícolas no plantio de frutas cítricas.
Hoje, os bioinsumos são classificados em: macrobiológicos, como no caso dos besouros e joaninhas; microbiológicos, como vírus, bactérias e fungos patogênicos; semioquímicos, no caso dos feromônios, que insetos e outros animais usam para demarcar território e atrair parceiros; e bioquímicos, vindos de outras substâncias de origem animal ou vegetal.
Os bioinsumos não têm uso apenas agrícola: o Bacillus thuringiensis, que é uma espécie microbiológica, já se mostrou eficiente no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e outras doenças.