A cada 100 suínos em produção, o pecuarista pode gerar biometano suficiente para manter um trator na propriedade por um dia, estima o engenheiro e gerente de produto da New Holland, Nilson Righi. Ele ressalta que, na média brasileira, esse é o enquadramento de um pequeno produtor rural.
A existência dos dejetos é inerente à produção animal, e a regulamentação governamental cobra dos pecuaristas um destino para os excrementos. Por isso Righi destaca a oportunidade de lidar com dois problemas de uma vez. “É justamente isso que queremos falar ao produtor: ‘Você já tem o gás. Invista um pouco mais em uma estação de refino, que será paga na diferença de custo, na pegada de carbono. Tudo gera vantagem financeira’”, afirma.
Righi diz que é possível usar diversos materiais para gerar o combustível. “O que varia muito na tensão do gás é o substrato que você coloca dentro do biodigestor. Há alguns que têm uma capacidade de produção de biometano muito maior”, diz. De qualquer forma, para abastecer tratores como o T6 da New Holland, é necessário que o gás tenha 96,5% de metano ao fim do processo.
O uso do gás para geração de energia não se restringe apenas aos veículos, mas pode ser aplicada na fazenda como um todo, futuramente, gerando uma propriedade autossuficiente na questão de energia elétrica.
Todo o setor, segundo Righi, pode se beneficiar dessa tecnologia, já que todos geram resíduos. O setor sucroenergético, por exemplo, poderia produzir 56 milhões de metros cúbicos de biometano por dia, diz o vice presidente da New Holland na América Latina, Rafael Miotto. Se esse volume fosse usado para abastecer veículos agrícolas, o uso de diesel cairia em 50%.
A economia gerada por tratores de biometano em relação aos que usam diesel é estimada em cerca de R$ 120 mil por unidade, apontam dados da New Holland. Righi diz que levando em consideração o investimento básico para adquirir o equipamento, fica em torno de R$ 300 mil, pagaria-se o equipamento em dois ou três anos.