A BM&FBovespa começará a operar em maio com formadores de mercado também na negociação de opções de compra e venda de produtos como soja, petróleo, boi gordo, milho, açúcar e etanol hidratado, disse a gerente de produtos do agronegócio na bolsa paulista, Fabiana Perobelli.
“A demanda do setor agropecuário é alta porque o mercado de opções é simples, mas havia o desafio de garantir liquidez e dar agilidade às negociações. Acreditamos que a inclusão dos formadores de mercado atrairá mais gente para o mercado”, disse ela em evento sobre financiamento privado do agronegócio, realizado nesta quarta, dia 24, em São Paulo (SP). Os formadores de mercado já estão presentes na negociação futura de commodities.
No mercado de opções, comprador e vendedor acertam um preço para o produto a ser vendido com base nas cotações do mercado e uma data para o vencimento da opção. Produtores já usam este recurso como forma de garantir um preço remunerador por seu produto e se precaver contra oscilações no mercado. Sem o formador de mercado, entretanto, a negociação ocorria diretamente entre as partes, mediada apenas pelas corretoras, o que acabava levando a uma diferença maior entre o preço oferecido pelo comprador e o pedido pelo vendedor.
“O formador de mercado, que pode ser um banco ou empresa com expertise neste segmento, acompanha os preços do mercado e mantém pequena a diferença entre o preço ofertado pelas partes compradora e vendedora”, explicou a gerente da BMF&Bovespa. Estas instituições, de acordo com Fabiana, é que garantirão a liquidez diária das opções, ao ofertar durante todo o dia na tela da bolsa ofertas de compra e venda de produtos do agronegócio. Com o preço do produto colocado na tela, produtores tendem a gastar menos tempo avaliando propostas, já que o valor será estabelecido pelo formador de mercado.
A BMF&Bovespa enxerga o mercado de opções, ainda, como alternativa para o governo federal reduzir despesas com seguro de preço para os produtores. Isso porque, para adquirir opções, o produtor paga um prêmio (parcela pequena comparada ao valor da opção). Parte do prêmio, na avaliação da gerente da BMF&Bovespa, poderia vir a ser subvencionada pelo governo, que desta forma reduziria gradualmente o montante destinado a seguro, já que pagaria não pelo prejuízo do sinistro mas somente pelo prêmio. “O produtor garantiria sua renda em caso de imprevistos e o governo arcaria apenas com a subvenção de parcela do prêmio, liberando recursos para segmentos que ainda não operam no mercado de capitais, como arroz, por exemplo”, explicou Fabiana.
Segundo o diretor do Departamento de Estudos Econômicos da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz de Araújo, presente no evento, o assunto já está na pauta de discussões da pasta. Fabiana não soube estimar o crescimento do mercado de opções vinculados a produtos agrícolas com a inclusão de formadores de mercado.