O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 26, ao participar de evento em Ipatinga (MG), que a proposta do programa Renda Brasil está suspensa. O programa pretende expandir o Bolsa Família. “Ontem discutimos a proposta, a possível proposta do Renda Brasil. Eu ontem falei: está suspenso. Vamos voltar a conversar”. O presidente informou que a proposta apresentada a ele pela equipe econômica “não será enviada ao Parlamento”.
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“Não podemos fazer isso aí, como, por exemplo, a questão do abono para quem ganha até dois salários mínimos, seria um décimo quarto salário. Não podemos tirar de 12 milhões de pessoas para dar para um Bolsa Família, um Renda Brasil, seja lá o que for o nome desse novo programa”, acrescentou, ao discursar na cerimônia de reativação do alto-forno 1 da Usiminas.
No evento, o presidente defendeu a adoção de medidas que possibilitem a geração de emprego e renda. “Ou o Brasil começa a produzir, começa realmente a fazer o plano que interessa a todos nós, que é o melhor programa social que existe, que é o emprego, ou nós estamos fadados ao insucesso. Não posso fazer milagre. E conto com todos os brasileiros para que cada um faça o melhor de si para tirar o Brasil da situação difícil em que se encontra, que não é de hoje”, disse.
O mercado financeiro reagiu temendo um desentendimento entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Para Miguel Daoud, o presidente Jair Bolsonaro está correto em barrar a proposta.
“A proposta do ministro Paulo Guedes significa pedir para os pobres financiarem os mais pobres ainda. Faria isso tirando os auxílios, a Farmácia Popular, o Seguro Defeso, abono salarial, todos programas voltados para pessoas mais pobres”, disse.
Segundo Daoud, Guedes divulgou os valores do programa antes mesmo de ter alinhado com Bolsonaro, o que pode ter irritado o presidente.
“Por que não se taxa o sistema financeiro e as ações de especulação no câmbio e na bolsa? São pontos que poderiam taxar para financiar a renda Brasil”, falou.
Renda Brasil
Em junho, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que o governo federal criará um programa de renda mínima permanente, após a pandemia do novo coronavírus (covid-19), batizado de Renda Brasil. De acordo com o ministro, haverá a unificação de vários programas sociais para a criação do programa, que deve incluir os beneficiários do auxílio emergencial, que recebem parcelas de R$ 600 (R$ 1,2 mil para mães solteiras), pagas em razão da pandemia da covid-19.
“Nós resolvemos então estendê-lo [auxílio emergencial] até dezembro, o valor não será R$ 200 nem R$ 600, estamos discutindo com a equipe econômica”, disse Bolsonaro no evento de hoje em Minas Gerais.