A informação, dada nesta sexta-feira, dia 7, é da médica Eunice Caldas Figueiredo Dantas, que o atendeu no Hospital da Santa Casa de Misericórdia, em Juiz de Fora, para onde foi levado após ter sido atingido por golpe de faca nesta quinta, durante campanha na cidade mineira.
A médica informou ainda que Bolsonaro chegou ao hospital em estado de choque por causa do forte quadro hemorrágico e que poderia ter morrido se não fosse o pronto atendimento.
Segundo ela, a prioridade imediata foi reverter o quadro de perda de sangue, estancando a hemorragia e fazendo uma transfusão, com o uso de quatro bolsas de sangue.
Eunice Caldas relatou ainda que, após a estabilização da pressão sanguínea, foi feita a intervenção na região do intestino, pois a perfuração por faca atingiu severamente o intestino grosso, que foi seccionado, com a necessidade de retirar 10 centímetros da área atingida.
A médica destacou que a intervenção cirúrgica foi de “grande porte”, mas que o paciente está com o quadro de saúde estável.
Sobre a transferência de Bolsonaro para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, ela disse que a decisão foi amplamente discutida com a família e a equipe médica que, diante do quadro de estabilidade clínica, concluiu que não havia risco.
A médica disse que o paciente está com sonda gástrica e oxigenado.
Hemorragia grave
O ferimento fez com que Bolsonaro perdesse 2,5 litros de sangue, o equivalente a 40% do volume sanguíneo de um ser humano médio. Por conta disso, ele já entrou em estado de choque na Santa Casa de Juiz de Fora e só pôde ser salvo pela rapidez no atendimento.
As informações foram dadas hoje pela diretora técnica da Santa Casa, médica Eunice Dantas. “O mais grave foi o comprometimento da veia, pelo sangramento de vulto. Ele perdeu em torno de 40% do volume de sangue do corpo. Um adulto do porte dele tem em torno de 5,5 litros de sangue circulando. Ele perdeu em torno de 2,5 litros. É muito grave. Ele poderia ter morrido. Ele chegou com pressão 8 por 4, chegou chocado (em estado de choque)”, relatou a médica.
Segundo ela, por questões de centímetros a faca não feriu regiões mais sensíveis de Bolsonaro, o que poderia ter o levado a óbito.
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Veias calibrosas
“Havia veias mais calibrosas, artérias próximas, órgãos mais nobres. Qualquer mudança ali podia ser fatal para ele”, explicou a médica, que acompanhou Bolsonaro desde o momento em que ele deu entrada no hospital.
“Ele fez uma cirurgia aqui. A segunda será daqui a dois ou três meses, para a reconstituição do intestino grosso. Enquanto isso, ele vai utilizar uma bolsa para fora da barriga, por dois ou três meses. A colostomia não inviabiliza ninguém de fazer nada, é só questão de se acostumar com a bolsinha”, disse.
Ela aconselhou que Bolsonaro se abstenha de ir para as ruas fazer campanha pelas próximas semanas, na reta final do primeiro turno das eleições, a fim de facilitar sua recuperação.
“Três semanas é um período muito curto para uma cirurgia deste porte. Eu acho que a estratégia de campanha vai ter que ser adaptada às condições dele agora” justificou.
A médica estimou que Bolsonaro já poderá ter alta hospitalar entre sete a dez dias: “Se tudo correr bem, caso não haja intercorrência, tudo dentro do padrão, pode (ter alta)”, finalizou.
Boletim médico
O candidato foi submetido a uma série de exames no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde chegou no meio da manhã desta sexta, dia 7. Segundo boletim médico divulgado no início da tarde, ele encontra-se consciente e “em boas condições clínicas”.
A equipe médica do hospital em São Paulo informou que está dando continuidade ao tratamento iniciado em Juiz de Fora.
“O paciente está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) onde realizou exames laboratoriais e de imagens e foi avaliado por equipe multiprofissional”, diz o boletim. O cirurgião Antônio Luiz Macedo e o clínico e cardiologista Leandro Santini Echenique fazem parte da equipe médica responsável pelo paciente.
‘Dor insuportável’
Foi divulgado na manhã desta sexta-feira, um vídeo do candidato do PSL. Nas imagens, gravadas pelo senador Magno Malta (PR) ainda na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora (MG), Bolsonaro fala sobre o ataque que sofreu nesta quinta-feira. Nas imagens, Jair Bolsonaro contou que se preparava para os riscos que poderia enfrentar na campanha eleitoral e disse ainda que nunca fez mal a ninguém.
“Eu me preparava para um momento como esse, porque você corre riscos. Mas, de vez em quando, a gente duvida. Será que o ser humano é assim tão mau? Nunca fiz mal a ninguém”, relatou.
No vídeo, o candidato aparece na maca acompanhado pelo senador do PP e seus filhos.
Sobre o ataque, ele disse que sentiu apenas uma pancada na boca do estômago. “Eu estava muito preocupado porque parecia apenas uma pancada na boca do estômago. Eu já levei uma bola no futebol, mas a dor era insuportável e parecia que havia algo mais grave acontecendo”, continuou.
Nas imagens Bolsonaro ainda agradeceu a equipe médica, aos familiares e eleitores.
Postagem no Twitter
Na primeira manifestação em rede social desde que recebeu uma facada no abdômen, Jair Bolsonaro tranquilizou seus eleitores usando o Twitter. “Estou bem e me recuperando!”, assegurou.
Até então, a situação dele estava sendo relatada pelos filhos ou através de boletins médicos. Bolsonaro também agradeceu à família e as equipes que o atenderam nos hospitais de Juiz de Fora e, desde a manhã de hoje, de São Paulo.
“Agradeço do fundo do meu coração a Deus, minha esposa e filhos, que estão ao meu lado, aos médicos que cuidam de mim e que foram essenciais para que eu pudesse continuar com vocês aqui na terra, e a todos pelo apoio e orações!”, publicou.
A transferência do político para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, foi feita a pedido da família.
Depois de uma série de exames, a equipe da unidade divulgou a informação de que Bolsonaro está em boas condições clínicas e permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O filho, Flávio Bolsonaro, também usou o Twitter para agradecer o apoio de eleitores. “Não tenho palavras para agradecer tamanho carinho e consideração com meu pai e toda a família Bolsonaro. Peço que continuem orando por ele”, finalizou.
Ataque
Na tarde de quinta-feira, dia 6, o candidato recebeu uma facada no abdômen enquanto participava de um ato de campanha na cidade mineira. Ele foi operado para estancar uma hemorragia em veia abdominal, teve o intestino delgado costurado e parte do intestino grosso retirada. Ele também foi submetido a uma colostomia e, em até dois meses, terá de ser operado novamente.
O autor do ataque a Bolsonaro foi preso pela Polícia Militar da cidade. A Polícia Federal, responsável pela segurança do candidato, abriu inquérito para investigar o caso.
Campanha suspensa
Diante de seu quadro de saúde, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) vai ficar afastado da campanha eleitoral, sem previsão de voltar às ruas no curto prazo. Em um pronunciamento nas redes sociais, o presidente nacional do PSL, Gustavo Bebianno, convocou os seguidores a rezarem por Bolsonaro. “Hoje as eleições não importam. Você que está preocupado com a saúde do nosso capitão não se deixe esmorecer”, apelou.
O presidente do PSL participava do ato de campanha com Bolsonaro, em Juiz de Fora. Bebianno contou que o candidato “foi para o meio da multidão, como sempre, por vontade própria, com o peito e o coração abertos”. Disse ainda que a campanha de Bolsonaro sabia que o candidato enfrentaria “inimigos ardilosos, incapazes de conviver com o contraditório, avesso à real democracia”.
Usando comandos para estimular os apoiadores de Bolsonaro, Bebianno afirmou que o medo não os impedirá de cumprir a missão. “Mais impactante que as ameaças é a esperança que nos impulsiona”, disse o presidente do PSL.
Flávio e Eduardo Bolsonaro, filhos do candidato, deixaram a campanha e seguiram para Juiz de Fora. Disputando o Senado, Flávio acompanharia o desfile de 7 de setembro no Rio de Janeiro e depois faria campanha em Rio das Ostras, Campos dos Goytacazes e Itaperuna. Eduardo gravou vídeo falando da situação do pai e escreveu nas redes sociais: “Soldado que vai à guerra e tem medo de morrer é um covarde”.
Com seis segundos em cada bloco do horário eleitoral gratuito, Bolsonaro estava investindo nas mídias sociais e na campanha de rua. Segundo as últimas pesquisas de intenção de votos, Bolsonaro lidera a corrida pelo Palácio do Planalto.
O autor
Em nota, a PF confirmou que o homem suspeito de ter esfaqueado o candidato, Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, foi detido por populares e seguranças e conduzido por policiais federais para a Delegacia da Polícia Federal em Juiz de Fora, onde prestou depoimento.
Adélio tem 40 anos e já tinha sido acusado pelo crime de lesão corporal em 2013, segundo a Polícia Militar de Minas Gerais (MG).
“Policiais militares que se encontravam nas imediações conseguiram apreender o infrator imediatamente após a ocorrência”, contou o major da PM-MG, Flávio Santiago, confirmando que pessoas que acompanhavam o ato político chegaram a agredir o suspeito.
“A ação rápida dos policiais garantiu a incolumidade física do infrator, impedindo que ele fosse linchado”, acrescentou o major.
Em sua suposta página oficial no Facebook, o suspeito tinha diversas publicações contra os políticos, incluindo Jair Bolsonaro. O homem também fez diversas críticas à maçonaria e republicava teorias da conspiração.
Participantes do ato político publicaram nas redes sociais o momento em que o candidato foi atingido. Confira as imagens: