Brasil e Argentina querem aproximação com Aliança do Pacífico

Esta é a primeira visita oficial de Mauricio Macri ao Brasil, onde os dois chefes de estado se reuniram para assinar acordos no Planalto

Fonte: Antonio Cruz/ Agência Brasil

Brasil e Argentina pretendem criar condições para reforçar e expandir as relações comerciais com União Europeia, Japão, China, México e Estados Unidos. No encontro entre os presidentes dos dois países, Michel Temer e Maurício Macri destacaram também o interesse em avançar nas negociações com a Aliança do Pacífico. Segundo o presidente argentino, a ideia é aproveitar uma reunião de chanceleres prevista para março, ainda sem local definido, para aproximar o Mercosul da Aliança do Pacífico, uma iniciativa de integração regional idealizada por Chile, Colômbia, México e Peru.

“Temos de levar adiante negociações como as com a União Europeia, Japão, China, México, Estados Unidos e com a (Aliança) do Pacífico. Haverá uma reunião de chanceleres em março para discutir (as relações do) Mercosul com os países da Aliança do Pacifico”, disse Macri após assinar uma série de memorandos entre os dois países. O assunto foi abordado também durante a cerimônia de assinatura desses atos. Em seu discurso, Macri disse ter uma expectativa de que as parcerias resultem em um impulso histórico ao Mercosul e em um melhor posicionamento de Brasil e Argentina, não apenas no âmbito latino-americano. Segundo o argentino, 2017 será um “ano de inflexão positiva para o desenvolvimento dessa aliança estratégica e para o fortalecimento da relação do bloco com o mundo”.

Ampliação

O Mercosul será presidido no primeiro semestre deste ano pela Argentina e no segundo semestre pelo Brasil. Neste período, o objetivo dos dois países é integrar mais o bloco e ampliar as relações diplomáticas com outras regiões do mundo. “É tempo de ampliar o comércio, ampliar os investimentos, ampliar oportunidades para argentinos e brasileiros, já que a esta altura, não há tabus na relação Brasil – Argentina”, declarou Temer em discurso que antecedeu o tradicional almoço entre os chefes de Estado.

O presidente brasileiro destacou que a parceria ganha importância diante do contexto de “incertezas, do cenário internacional”. “No momento em que ganham forças tendências de desunião, isolamento e protecionismo, Argentina e Brasil respondem com mais aproximação, mais diálogo, mais comércio”, afirmou Temer, em referência à política protecionista empreendida pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

Depois do discurso no Itamaraty, o presidente brasileiro entregou a Macri o colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração brasileira conferida a chefe de Estado estrangeiro. O presidente argentino também discursou seguindo o mesmo tom amistoso, chegou inclusive a brincar dizendo que a rivalidade entre Brasil e Argentina deve ficar restrita ao futebol. Estiveram no almoço no Itamaraty autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e os ex-presidentes da República, Fernando Collor e José Sarney, além de governadores e parlamentares.

Acordos

Esta é a primeira visita oficial de Mauricio Macri ao Brasil. Pela manhã, os dois chefes de estado se reuniram e assinaram acordos no Palácio do Planalto. Os memorandos de cooperação são nas áreas diplomática, comercial (inclusive de compras governamentais) e de segurança de fronteiras – o que inclui também a possibilidade de assistências em situações emergenciais e de cooperação em defesa civil nas regiões fronteiriças.

Também está prevista a cooperação entre agências de exportação e investimentos dos dois países. Um dos memorandos trata da parceria entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e a Agência Argentina de Investimentos e Comércio Internacional. Por meio dela, serão organizadas reuniões periódicas entre as duas agências; o intercâmbio de publicações e informações sobre os respectivos mercados; o estímulo à realização de missões comerciais entre os dois países; a assistência mútua à participação em feiras internacionais; e a promoção de contatos entre empresários para promover a colaboração comercial e industrial e a formação de sociedades mistas para atuar em terceiros países.

Macri e Temer assinaram também uma carta ao presidente do BID pedindo a realização de estudos sobre viabilidade de criação de uma agência para a convergência regulatória de Brasil e Argentina. Segundo Temer, essa cooperação regulatória ajudará a “tornar fluidos” os fluxos de comércio e de investimentos.

Para o presidente argentino, ao estabelecer critérios técnicos sanitários e fitossanitários, a agência a ser criada “fortalecerá a integração produtiva e abrirá mercados que permitam trabalho para brasileiros se argentinos”, disse ele. “Somos sócios e temos muitos a compartilhar e intercambiar. Queremos ser seus sócios. Em futebol queremos ganhar, mas nos outros (campos) queremos trabalhar juntos”, acrescentou.

O presidente argentino apontou também como prioridade o combate ao narcotráfico e ao crime organizado. Michel Temer ressaltou que a questão da segurança nas fronteiras “angustia” tanto o Brasil como seus vizinhos, e que, por isso, precisa ser adequadamente enfrentada.