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Política

Brasil não vai importar fertilizantes russos durante guerra, diz ministra

Há quase 4 anos no comando da pasta, Tereza Cristina disse que Brasil errou ao não fazer um programa nacional para a produção de fertilizantes

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, descartou totalmente a possibilidade de se importar fertilizantes russos durante a guerra na Ucrânia e reconheceu o impacto do conflito na Europa nos preços dos alimentos.

“Temos suspensão desse comércio porque não temos como pagar esses produtos, nem navios para carregar. Enquanto houver guerra, é totalmente descartada a possibilidade de receber fertilizantes”, declarou a ministra nesta quinta-feira (3) durante a transmissão ao vivo nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ela também disse que o Irã vai substituir o abastecimento de ureia que viria da Rússia.

Ainda na live, Tereza Cristina disse que o governo federal vai lançar este mês um plano nacional para ampliar a produção do insumo no país.

Os fertilizantes, especialmente nitrogênio, fósforo e potássio, são largamente utilizados pelo setor agrícola brasileiro, mas 80% deles são importados, e a Rússia e a Bielorússia são dois dos principais fornecedores do produto ao Brasil.

No momento, no entanto, em decorrência das sanções econômicas aplicadas contra russos e bielorrussos, por causa da invasão à Ucrânia, o Brasil não tem conseguido trazer os fertilizantes destes países.

“O Brasil, no passado, não fez um programa nacional para a produção própria de fertilizantes. Fizemos uma opção errada, lá atrás, de ficarmos importando nitrogênio, fósforo e potássio”, afirmou a ministra. No caso do fósforo, considerado um dos fertilizantes mais importantes, a dependência externa chega a 93%.

Segundo a ministra, uma cerimônia de entrega do plano será realizada no final de março, no Palácio do Planalto. Apesar de coincidir com uma crise de abastecimento do produto, o plano vinha sendo pensado há mais tempo.

“Esse plano está pronto, não foi por causa desta crise. Isso nós pensamos lá atrás, no seu governo, de que o Brasil, uma potência agro, não poderia ficar nessa dependência, do resto do mundo, de mais de 80% nos três produtos, de vários países”, disse.

Um grupo de trabalho chegou a ser formado há quase um ano e envolveu representantes de nove ministérios.

Segundo Teresa Cristina, o plano trará um diagnóstico sobre a oferta de fertilizantes no Brasil e poderá ter como resultado, por exemplo, propostas legislativas para facilitar a produção de fertilizantes no país, como regras de licenciamento ambiental para exploração de jazidas e até permissão para extração dos minerais em terras indígenas.

Nesta quarta-feira (2), durante coletiva de imprensa, a ministra da Agricultura afirmou que o estoque de fertilizantes para o agronegócio no Brasil está garantido até outubro. Ela garantiu que não há problemas com a safra neste momento, porém, a safra de verão, no final de setembro e outubro, ainda gera preocupação.

Ao contrário da ministra, a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) afirma que o Brasil tem estoque de fertilizantes até junho. 

Eleições

Nome favorito do Centrão para assumir a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022, Tereza Cristina ainda pediu diálogo entre os três poderes para a resolução dos problemas do Brasil. “Está faltando uma conversa”, declarou a ministra, que decidiu o União Brasil pelo Progressistas, partido da base aliada do governo.

Em um aceno à sua base eleitoral, Bolsonaro voltou a defender na live de hoje o armamento da população e usou Tereza Cristina para argumentar que as mulheres, supostamente, ficariam em situação de igualdade com homens se andassem armadas.

“Quem é mais forte, eu ou Tereza Cristina? Armados, estamos em situação de igualdade. Logicamente, ninguém quer conflito, mas quem está armado impõe respeito”, declarou o presidente.

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Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, participou da live do presidente Bolsonaro, nesta quinta-feira (3). Foto: Reprodução/Redes Sociais

 

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