O Brasil e o Peru negociarão acordos de serviços, compras governamentais, investimentos e facilitação de comércio. Os dois países também se comprometeram a acelerar o cronograma de reduções tarifárias, previstas no Acordo de Complementação Econômica 58, firmado em 2005 entre Mercosul e Peru. Além disso, reiteraram o compromisso de evitar aplicar medidas tarifárias restritivas ao comércio.
As ações foram anunciadas após encontro entre os ministros de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, e de Comércio Exterior e Turismo do Peru, Blanca Magali Silva. Brasil e Peru também concordam em promover encontros comerciais entre micro, pequenas e médias empresas dos dois países.
O comunicado conjunto divulgado após reunião dos dois ministros, em Lima, capital peruana, fala em uma agenda “renovada e ampliada” para a relação econômica e comercial. De acordo com nota do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, os países terão “intensa agenda de reuniões nos próximos meses para alcançar resultados”.
Ainda segundo a nota do ministério, Armando Monteiro disse que alguns acordos devem ser celebrados ainda este ano, durante visita da presidenta Dilma Rousseff ao Peru. Segundo Monteiro, as empresas peruanas têm franco acesso ao mercado brasileiro, e existe cenário favorável para o avanço da integração produtiva, em razão do caráter complementar das economias dos dois países.
“Podemos estabelecer cadeias produtivas em vários segmentos, e os governos têm que atuar para que os setores privados dos dois países possam identificar oportunidades de integração. O Peru pode ser grande provedor de bens [para a] Amazônia brasileira, já que a infraestrutura de rodovias permite que o país seja base de fornecimento de suprimentos”, afirmou Monteiro, em Lima. Já a ministra peruana disse que o Peru Tech Brasil, consórcio de pequenas e médias empresas peruanas em São Paulo, poderá se tornar plataforma de exportação para toda a América Latina.
O governo brasileiro considera a visita ao Peru parte do esforço para deslanchar o Plano Nacional de Exportações, lançado no mês passado, que prevê uma série de ações de fomento. Entre elas, a promoção comercial do Brasil no exterior, ampliação de US$ 15 bilhões do Fundo de Garantia às Exportações e o aperfeiçoamento do sistema tributário. O Peru faz parte de um grupo de 32 países considerados estratégicos pelo plano, assim como a Colômbia, que Monteiro visitará amanhã (22).
Dos produtos brasileiros exportados ao Peru e à Colômbia, mais de 90% são manufaturados, ou industrializados. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no ano passado, o Brasil exportou produtos no valor de US$ 1,8 bilhão para o Peru e de US$ 2,38 bilhões para a Colômbia.
Desde que assumiu a pasta do Desenvolvimento, em janeiro, Armando Monteiro tem dito que as exportações podem ajudar a reanimar a atividade econômica em um ano de retração no cenário interno. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) projeta superávit de US$ 8,06 bilhões na balança comercial brasileira em 2015. Em 2014, a balança fechou com déficit de US$ 3,93 bilhões. Foi o primeiro resultado anual deficitário desde 2000.