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PORTOS SUFOCADOS

Brasil pode sofrer apagão logístico na safra 2027/28, mostra estudo

Levantamento da Macroinfra calcula que país já está com 91% da capacidade portuária comprometida

Porto de Santos, reporto
Foto: Ricardo Botelho/MInfra

O Brasil é o maior produtor de soja do mundo e está entre os principais exportadores de grãos, respondendo por 7,8% dos embarques internacionais.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) espera que nos próximos dez anos, a oleaginosa, o cereal e o trigo devem puxar ainda mais o crescimento da produção brasileira, que atingirá 379 milhões de toneladas, acréscimo de 27% frente a última safra.

No entanto, estudo da consultoria Macroinfra aponta que o Brasil atingiu 91,3% da capacidade portuária para exportação de granéis agrícolas, nível que está acima do limite de segurança operacional.

“Estamos hoje em dia em um pré-gargalo porque com 91% de utilização da capacidade, quando se passa dos 80%, 85%, já é hora de agir. Do jeito que está, se nada for feito, se novos terminais não forem agregados na matriz portuária brasileira, prevemos que até a safra 2027/28 já estaremos com 100% da capacidade tomada”, diz Olivier Girard, sócio-diretor da empresa.

Apagão logístico no Brasil

O levantamento indica que a capacidade portuária brasileira chegará a 94,5% já em 2025 e, seguindo o ritmo atual, estará em 96,8% em 2026 e, finalmente, em 99,6% no ciclo 2027/28.

Com isso, a Macroinfra alerta que a tendência é que o Brasil sofra um “apagão” nas exportações de granéis agrícolas até o fim da década e um aumento nos custos, de ponta a ponta, se nada for feito.

Girard ressalta que ao não conseguir exportar, o país sofrerá o processo inverso: a carga ficará armazenada e tende a bloquear todos os portos, em seguida os armazéns das tradings e, por fim, as fazendas. “Isso implica obrigatoriamente no aumento de custos para toda a cadeia”.

Investimentos no Arco Norte

O estudo revela a necessidade de investimentos focados na abertura de novos terminais portuários, principalmente no Arco Norte do país. A região abrange os estados do Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Maranhão, que deve ganhar protagonismo na movimentação de cargas nos próximos anos e podem se tornar uma alternativa logística para os embarques internacionais do setor.

“A maior parte da capacidade está no Sul e Sudeste, estamos falando de praticamente 72,5% da capacidade nessas regiões. No entanto, aonde a produção e as exportações vão crescer cada vez mais será no Arco Norte”.

Assim, ele diz que investir em terminas portuários que estejam localizados mais ao norte e nordeste do país é essencial para evitar o apagão logístico do país.

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