Se você é daqueles que não começa o dia sem uma boa dose de café, fique tranquilo. Está tudo certo. É o seu cérebro pedindo componentes valiosos para manter você ligado. A ciência mostrou que o hábito de tomar café, desde que em doses moderadas (de 4 a 5 xícaras de 50 ml por dia), não oferece riscos ao organismo e, muito pelo contrário, proporciona diversos benefícios. De acordo com descobertas mais recentes, o café tem diversas propriedades que favorecem o aprendizado e ainda nos causa uma sensação de bem-estar.
Essas propriedades vão muito além da cafeína, famosa por seu efeito estimulante. A alta concentração de polifenóis – antioxidantes que diminuem a ação dos radicais livres, auxiliam na prevenção do envelhecimento.
Os benefícios cognitivos e de humor, resultados de uma xícara de café, são frequentemente atribuídos à cafeína. No entanto, as pesquisas, mostram que vários efeitos comportamentais induzidos pelo café não são causados apenas por esse composto químico.
Um estudo realizado no Reino Unido no Centro de Nutrição e Performance Cerebral (Brain Performance and Nutrition Research Centre) comparou os efeitos do café regular, descafeinado e de um placebo (água com sabor, cor e aroma de café) na cognição e humor de homens e mulheres de diferentes idades (20-80 anos).
Para avaliar os efeitos do café, os participantes foram submetidos a uma série de testes cognitivos associados à memória, retenção de informações e fluência verbal. Além dos testes cognitivos, os pesquisadores avaliaram as percepções dos participantes quanto ao seus estados de ânimo considerando status como: “relaxado”, “alerta”, “nervoso”, “cansado”, “tenso, “com dor de cabeça” e “humor geral”. Os níveis de atenção foram medidos nos testes cognitivos e num simulador automobilístico.
A boa notícia é que o café produziu efeitos de maior agilidade cognitiva no grupo que bebeu café regular ou descafeinado, quando comparado ao placebo, independentemente da idade ou do gênero. Outro achado dessa pesquisa é que o café regular, quando comparado ao descafeinado, aumentou o estado de vigilância (efeito de acordado) e diminuiu o cansaço e a dor de cabeça dos participantes.
Em outras palavras, a cafeína presente no café provoca melhora na atenção, estado de alerta e afasta o sono. Tudo o que precisamos quando estamos dirigindo um automóvel. Esses efeitos da cafeína sobre a diminuição da possibilidade de se envolver em acidentes de trânsito já foram vistos em outras pesquisas.
Apenas para citar uma deles, um estudo realizado na Holanda mostrou que motoristas que consumiam cafeína eram 63% menos propensos a causar um acidente do que aqueles que não a ingeriam. Achados
como esses impulsionaram o desenvolvimento das bebidas energéticas.
O mais surpreendente na pesquisa realizada pelo grupo do Brain Performance and Nutrition Research Centre foram os resultados observados pelo grupo de pessoas que ingeriram o café descafeinado. Esse grupo também apresentou menos cansaço e um estado de alerta aumentado quando comparado a quem não bebeu café. Por isso, não podemos pensar apenas na cafeína quando falamos de café. Afinal, a riqueza de nutrientes do café é muito maior, e é muito possível que a interação entre seus componentes seja a grande responsável pelos efeitos benéficos dessa bebida.
Então, que tal fazer uma pausa para um cafezinho?
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Bibliografia consultada
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