A Caixa Econômica Federal estima que os recursos obrigatórios para aplicar no ano safra de 2015/2016 totalizarão R$ 9,3 bilhões, aumento de 12% em relação à temporada anterior, mas abaixo dos US$ 10 bilhões projetados inicialmente. A projeção foi divulgada pelo superintendente nacional de agronegócio do banco, Márcio Vieira Recalde.
Segundo ele, a queda nos depósitos à vista, fonte de recursos para o crédito agrícola, fez com que a estimativa inicial fosse revista. Ele acrescentou, contudo, que tal cifra ainda pode ser alcançada caso a situação dos depósitos melhorem.
– De junho do ano passado para cá, tivemos uma queda significativa nos depósitos à vista e de poupança [juntos, respondem de 70% a 75% do financiamento do setor]. Vamos ter um volume menor do que gostaríamos de ter disponível para o produtor rural – disse o executivo, durante palestra no V Congresso da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav).
Segundo ele, o papel da Caixa neste cenário é auxiliar o produtor a investir melhor os recursos que tem em mãos e antecipar o maior montante que puder em meio ao câmbio atual, que eleva o preço dos insumos importados. Somente em junho, de acordo com o superintendente do banco público, a instituição totalizou R$ 2,8 bilhões em custeio antecipado, conforme o executivo.
Sobre inadimplência, ele disse que o indicador da Caixa segue estável. Diante do aumento dos calotes vistos na pessoa física e no atacado, com um maior número de pedidos de recuperação judicial por parte de empresas, Recalde afirmou que esse cenário não se confirmou no setor de agronegócio.
O objetivo da Caixa, de acordo com o superintendente, é ser o segundo maior banco neste segmento até 2022. Hoje, conforme dados de maio, a instituição está na oitava posição, com pouco mais de 2% de participação de mercado.
A Caixa completou seu segundo ano safra completo, de acordo com Recalde, em 2014/2015. O banco começou a atuar nesta área no segundo semestre de 2012, quando o Banco Central o autorizou a atuar no segmento de forma escalonada, com 62 agências, em oito Estados. Na época, o porcentual de exigibilidade bancária (fatia dos depósitos à vista aplicada obrigatoriamente em crédito rural), segundo Recalde, era de 6%, passando para 13% no seguinte e para 19% no ano safra 2014/2015. Para o próximo (2015/2016), conforme ele, será de 27%, chegando a 34% no 2016/2017.