Dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em outubro, foram exportadas apenas 82,18 mil toneladas de carne bovina in natura, o menor volume desde junho de 2018, período em que uma greve de caminheiros impediu que cargas saíssem dos frigoríficos e entrassem nos portos, limitando os embarques.
De acordo com Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), isso se deve à manutenção da suspensão dos envios da carne bovina brasileira à China, o maior destino internacional da proteína. “A China causou todo esse cenário negativo em termos de embarques”, declarou Carvalho, lembrando que, em setembro, foram exportadas cerca de 180 mil toneladas da carne bovina do Brasil.
Dizendo que a saída da China realmente causou um “rombo muito grande” no número de exportações brasileiras, o especialista explicou, em entrevista exclusiva ao jornal Mercado & Companhia, que o cenário para os próximos meses ainda é imprevisível. “O cenário é ainda muito incerto sobre a volta ou não do mercado chinês para compra de carne bovina, assim como o posicionamento da indústria frigorífica, se vai conseguir colocar carne em outros países”.
No entanto, segundo Carvalho, caso a ausência da China seja mantida, o mercado brasileiro tende a permanecer nesses patamares ou subir um pouco mais em relação a outros países. Como solução paliativa para escoamento, o pesquisador aponta o mercado doméstico como destino para parte da carne. Vale lembrar que um ofício do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) permite que a carne seja estocada no frigorífico por até 60 dias.