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Carne Fraca foi 'positiva' para o país por permitir aperfeiçoamentos, diz Maggi

Crise decorrente da operação teria criado oportunidade de revisão de processos e procedimentos, afirma o ministro da Agricultura

Fonte: José Cruz/Agência Brasil

Ao ser deflagrada em março deste ano, a operação Carne Fraca representou um grande susto para o governo e para os produtores brasileiros. Passados nove meses, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, afirma que o caso foi “positivo”, pois representou uma oportunidade de o país aperfeiçoar processos e procedimentos que, até então, eram politicamente difíceis de ser revistos.

Segundo o ministro, o setor encerrará o ano “com volumes maiores” tanto no âmbito financeiro como no de exportação.

“A Carne Fraca foi positiva para o Brasil. As crises [decorrentes dessa operação] geraram oportunidades e, para o Ministério da Agricultura, foi criada uma oportunidade de mudar processos e coisas que, politicamente, às vezes não conseguia fazer. Com a crise, com o susto e com o medo, que todos nós tivemos, foi possível avançar”, disse nesta terça-feira, dia 19, o ministro, após participar de uma cerimônia de entregas de medalha e de criação de um conselho consultivo de ex-ministros da pasta – grupo instituído com o objetivo de ajudar na formulação de políticas públicas da pasta.

Maggi, no entanto, avalia 2017 como um ano difícil. “Foi um ano de muitas incertezas. Em determinados momentos, como a gente fala na gíria rural, achávamos que a vaca tinha ido para o brejo, levando estaca e corda juntos. Foram situações muito tensas e delicadas”, lembrou o ministro. “Mas setores da agricultura, e principalmente da pecuária, conseguiram reagir muito fortemente, indo aos mercados internacionais. O governo também conseguiu responder a todos os questionamentos feitos naquele momento. Com isso, o Brasil terminará o ano ainda maior do que quando teve o problema da Carne Fraca”, acrescentou.

Deflagrada pela Polícia Federal em 17 de março, a operação Carne Fraca desarticulou um esquema de corrupção envolvendo fiscais agropecuários e donos de frigoríficos nos estados do Paraná, de Minas Gerais e Goiás. Segundo a investigação, os fiscais alvo da operação recebiam propina das empresas para emitir certificados sanitários sem fiscalização efetiva da carne, o que permitia a venda de produtos com prazo de validade vencido.

Logo após a operação ter sido deflagrada, o Brasil recebeu 374 comunicados oficiais envolvendo demandas de 93 países preocupados com a qualidade da carne produzida no país. “A Carne Fraca foi um grande susto, mas também nos trouxe muitos alertas. Muitos sinais nos foram trazidos dentro dessa operação, que foi na verdade uma operação muito mais folclórica e midiática do que de qualquer outra coisa”, disse o ministro.

“As coisas apareceram, e a gente, então, começou a tomar mais cuidado. Tudo isso fez com que muitas mudanças fossem propostas aqui internamente no ministério. Percebemos naquele momento que a grande desconfiança dos nossos importadores [aqueles para os quais a carne brasileira era vendida, no exterior] era sobre o nosso serviço de fiscalização. Muitos deles achavam que havia interferência política dentro desse processo. Começamos então a desenvolver um novo sistema para blindar tudo isso. Por isso [é] que digo: o Brasil vai sair dessa questão da Carne Fraca mais forte do que quando entrou”, completou Maggi.

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