Em carta, Dilma propõe plebiscito sobre eleição presidencial

A presidente afastada leu o conteúdo de carta chamada de “Mensagem ao Senado e ao povo brasileiro”, defendendo consulta popular e reafirmando que é vítima de golpe 

Fonte: Roberto Stuckert Filho/PR

A dez dias do início da votação do processo de impeachment no Senado, a presidente afastada, Dilma Rousseff, divulgou nesta terça-feira, dia 16, uma carta batizada como “Mensagem ao Senado e ao povo brasileiro”. Na leitura da carta, realizada no Palácio da Alvorada, em Brasília, Dilma defende o plebiscito para novas eleições antecipadas, caso retome o mandato.

Acompanhada de cinco ex-ministros, a presidente afastada disse que se aproximou do povo nestes três meses em que se defendeu do impeachment e reconheceu que houve erros e medidas que não foram tomadas em seu governo.

“Estou convencida da necessidade e darei meu apoio irrestrito para a convocação de um plebiscito com o objetivo de consultar a população sobre a realização antecipada de eleições, bem como a reforma política e eleitoral”, disse.

Dilma Rousseff reiterou que está sendo vítima de um golpe e que não há provas de crime de responsabilidade, já que os atos praticados por ela teriam sido idênticos aos executados por presidentes que a antecederam. 

“Não é legítimo, como querem os meus acusadores, afastar o chefe de Estado e de governo pelo conjunto da obra. Quem afasta é o povo, e só o povo, nas eleições. por isso, afirmamos que, se consumado o impeachment sem crime de responsabilidade, teríamos um golpe de Estado. O colégio eleitoral de 110 milhões de eleitores seria substituído por um colégio eleitoral de 81 senadores”, afirmou.

Dilma também disse que o Brasil vive um dos momentos mais dramáticos de sua história e que seu retorno à Presidência significaria a afirmação de um Estado democrático de direito e contribuiria para uma nova e promissora realidade política. A presidente afastada relembrou os tempos de presa política e aproveitou para criticar opositores.

“Ao contrário dos que deram início a este processo injusto e ilegal, não tenho contas secretas no exterior, nunca desviei um único centavo do patrimônio público para meu enriquecimento pessoal ou de terceiros e não recebi propina de ninguém. Esse processo de impeachment é frágil, juridicamente inconsistente, um processo injusto, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente. Resisti ao cárcere e à tortura. Gostaria de não ter que resistir à fraude e a mais infame injustiça”