O vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner, afirmou que espera 400 votos favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff na votação deste domingo, 17, na Câmara dos Deputados.
Em evento organizado pela entidade com agricultores do Distrito Federal e Entorno neste sábado, 16, ele sustentou a necessidade de mudar o comando do Poder Executivo para que o país e, especialmente, o setor agropecuário, voltem a crescer.
Ele criticou o apoio dado pelo governo federal a grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e destacou que o homem do campo precisa de paz para trabalhar. “Não acreditamos que a presidente da República tenha condições de unir a nação, de unir a sociedade e corrigir os rumos do nosso país.”
Ele voltou a criticar as declarações do secretário da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Aristides dos Santos, em evento no Palácio do Planalto recentemente, em que incitou a invasão de escritórios, propriedades rurais e casas das pessoas que defendem o processo de impeachment.
Segundo Schreiner, este foi o estopim para que a CNA tomasse a decisão “inédita e histórica” de apoiar o afastamento da presidente Dilma. “Não podemos aceitar esse tipo de incitação, pois isso é querer tirar o único ponto, o único setor que está funcionando bem no nosso país”.
Ele mostrou otimismo para a votação na Câmara dos Deputados. “Vamos à votação e, se Deus quiser, teremos 400 votos a favor para que o PT desocupe o Palácio do Planalto e deixe o país crescer. Nós queremos é trabalhar, produzir”, destacou.
Para Leomar Cenci, presidente da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), entidade que recebeu o evento organizado pela CNA na manhã deste sábado, a indefinição do cenário político brasileiro é o que mais preocupa o setor rural.
Ele está confiante no impeachment, mas defende que, mesmo se o processo for barrado caso a oposição não consiga os 342 votos necessários na Câmara, é preciso que o governo invista no país e ofereça segurança a todos.
“O que estamos fazendo é a vontade do produtor rural da nossa região. Tem que ter mudança. O cenário político tem que ter bom senso, fazer mudanças urgentes, pois estamos precisando. Não só a agricultura, mas em educação, saúde, segurança. A insegurança é geral. O setor sofre com a falta de investimento e, enquanto não se decide o cenário político, os investimentos não acontecem. A Indefinição prejudica a todos. Todo mundo tem a perder, o que mais castiga a gente é essa indefinição mesmo”, disse.
O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, também presente ao evento, endossou a opinião dos produtores da região.
“O movimento é importante para mostrar a força e a união do agronegócio. Não podemos mais conviver com essa situação política. O setor precisa de tranquilidade. E a política reflete em toda a classe. Precisamos de uma resolução o quanto antes do imbróglio político para voltar a produzir com tranquilidade, para a economia voltar a crescer e o consumo voltar ao normal.”
Já o presidente da cooperativa de crédito Sicoob Brasília e produtor rural, Antonio Mazurek, destacou a legalidade do processo de impeachment e o pleno funcionamento das instituições brasileiras como pontos positivos desse momento turbulento.
“O processo segue as regras ditadas da Constituição. Independentemente do juízo de mérito, o importante é que as instituições estão funcionando, a democracia está assegurada. Estamos tranquilos porque tudo vai ser pela via constitucional, sem ruptura da ordem”, afirmou.
Mazurek ainda afirmou que a agricultura brasileira necessita de estabilidade política e econômica para retornar o crescimento, mas disse que confia na recuperação do país.
Ele também comentou sobre a possibilidade de rejeição do processo na Câmara. “Toda crise gera lições, ensinamentos. Estamos aprendendo muito. Mesmo que o impeachment não passe, acredito que virá um tempo novo, de desarmamento dos espíritos. O que interessa a todos nós é o nosso país. Tenho esperança de que as coisas mudem, qualquer que seja o resultado. Talvez não no mesmo diapasão, mas o Brasil tem potencial independentemente do governo que fique por seus recursos, sua gente, suas lideranças, sua economia, as empresas. Haveremos de reencontrar o caminho da prosperidade e do crescimento.”
Para o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do DF e presidente da Comissão de Suinocultura da CNA, Renato Simplício, a crise política e econômica gera falta de confiança no país e isso tem prejudicado o setor agropecuário. “Precisamos de um governo competente, que administre o Brasil com seriedade. O Brasil precisa de confiança”, resumiu.