Em Mato Grosso, as primeiras áreas de algodão semeadas em janeiro começaram a ser colhidas. O atraso na semeadura reflete no ritmo dos trabalhos que têm o pior desempenho na média dos últimos cinco anos. Além disso, o rendimento no campo é outra preocupação dos cotonicultores do estado.
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O ritmo é intenso das colheitadeiras em cima dos 3 mil hectares de algodão na fazenda Santo Expedito, no município de Jaciara. A pressa é para tentar diminuir os impactos decorrentes do clima desfavorável durante todo ciclo da cultura nesta safra, que foi primeiramente afetada pelas chuvas que atrasaram o plantio e depois por um período de estiagem.
“Tivemos 23 dias sem cair chuva. Nesse cenário, o algodão aguenta até duas semanas, depois começam as perdas e muitas ficam plantas pequenas. Tem áreas que os dois primeiros ramos a máquina não consegue juntar. Com clima ruim e atrasada no ciclo do plantio, a planta já botou o fruto lá embaixo”, relata o agricultor Silvino Bortolini.
O mais recente impacto climático – uma geada inédita na região – afetou 300 hectares de algodão e deve aumentar as perdas de produtividade total esperada para essa safra na propriedade de Bortolini.
“Tem plantas aqui que pararam de crescer. Em algumas áreas tinha maçãs que estavam logo abaixo do botão floral, então essas estão mais afetadas. Vamos fazer 110@ por hectare de pluma, Com isso vamos ter uma quebra do ano passado para esse ano de 20%”, complementa Silvino Bortolini.
O também produtor de algodão Murilo Fritsch, iniciou os trabalhos de colheita da pluma nesta sexta feira, 30, em uma propriedade na mesma região. As lavouras dele também enfrentaram dificuldades durante o desenvolvimento do ciclo e devem produzir menos nesta safra.
“Estamos bem atrasados em relação ao ano passado por causa do ano complicado que foi. O plantio de soja da safra passada atrasou bastante, com isso atrasou o plantio da safrinha, praticamente 30 dias em relação ao ano passado. Foi um ano muito difícil. Faltou chuva durante o ciclo do algodão, agora, no final, teve o problema de frio intenso. Acredito que a nossa safra vai ser menor do que o ano passado, com 15% a menos”, diz Fritsch.
Safra de algodão em Mato Grosso
Em Mato Grosso, quase todo o algodão safra já foi colhido e as primeiras áreas do algodão safrinha começaram a ser retiradas do campo nesta última semana. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os trabalhos de retirada das plumas estão cerca de 10 pontos porcentuais atrasados em relação à safra passada e mais lentos em relação aos últimos cinco anos.
A produção esperada para a safra 2020/21 de algodão em Mato Grosso é de 1,6 milhão de toneladas de pluma, redução de 25% em relação à safra passada e ainda o menor volume dos últimos dois anos.