O analista da INTL FCStone Thadeu Silva apresentou na manhã desta quarta, dia 6, durante evento em São Paulo, a projeção de que em um cenário em que o impeachment seja aprovado e o atual vice-presidente da República, Michel Temer, assuma a Presidência, o dólar poderia se desvalorizar e o câmbio retornaria ao patamar de R$ 3,10.
“Um câmbio a R$ 3,10 seria um padrão parecido com o do ano passado, antes de o governo federal e o Congresso terem declarado guerra. E poderia cair ainda mais”, afirmou Silva.
Sustentam esta estimativa, de acordo com o analista, a perspectiva de que Michel Temer adotaria políticas monetária e fiscal contracionistas, com eliminação do déficit fiscal, e a expectativa otimista do mercado em relação a um eventual ajuste do setor público e à estabilização da inflação.
“A redução do déficit fiscal causaria um impacto muito alto no câmbio, porque o déficit é hoje o principal fator de influência (na relação entre dólar e real)”, explicou Silva.
Já com a permanência de Dilma Rousseff na Presidência, o piso para o dólar deve chegar a R$ 4,20, na avaliação da consultoria. O valor é o teto do câmbio no cenário que considera Temer na Presidência. “Se ficar claro que Dilma continuará no governo com a presença de Lula, a situação ‘pró-déficit’ tende a elevar os gastos do governo”, disse Silva.
De acordo com o analista, a continuidade do governo de Dilma Rousseff implicaria a manutenção de uma política monetária neutra, com sistema de metas de inflação com intervenções pontuais; política fiscal expansionista, marcada por ajuste gradual limitado pelos compromissos sociais; e expectativas deterioradas do mercado, com a perspectiva de manutenção do desajuste fiscal e inflação acima da meta.
Foram considerados também os desafios em ambos os cenários. Temer teria de construir uma base de apoio no Congresso, em um momento eleitoral que dificulta a construção de alianças. O fato de a cúpula do PMDB, partido de Temer, ser alvo de investigações da operação Lava Jato, da Polícia Federal, também teria de ser enfrentada. No caso de Dilma, a falta de aprovação popular, o desgaste na articulação política e a necessidade de reverter o atual cenário econômico seriam os principais desafios.