Conab vai comprar 200 mil t de trigo para auxiliar produtores do RS

Segundo o presidente do órgão, medida será tomada porque foi verificado no mercado preço abaixo do mínimo para o cereal

trigo
Foto: Freepik

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai comprar 200 mil toneladas de trigo gaúcho em Aquisição do Governo Federal (AGF). O anúncio foi feito pelo diretor presidente da companhia, Edegar Pretto, e pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.

“A Conab fará intervenção no mercado de trigo, porque no Rio Grande do Sul foi verificado preço no mercado abaixo do mínimo. A intervenção será conforme prevê a Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM) e por AGF”, disse Pretto em coletiva de imprensa.

“O governo lança mão de medidas em apoio ao produtor rural. A AGF de trigo é uma medida serena para ajudar o agricultor com preço baixo”, destacou Teixeira.

A Conab vai investir R$ 261 milhões na AGF de trigo, com recursos provenientes do crédito extraordinário direcionado à calamidade climática do Rio Grande do Sul. A partir do anúncio da AGF de trigo, produtores gaúchos interessados em comercializar o cereal à Conab ao preço mínimo de R$ 78,51 por saca de 60 kg, para tipo pão, devem procurar os armazéns da companhia para tornar viável a operação.

A modalidade da AGF dispensa a necessidade de publicação de edital para compra pública do cereal pela companhia. Produtores e cooperativas gaúchas pediram à Conab a realização de leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) para subsídio ao preço do cereal.

Medidas para o trigo

De acordo com Pretto, no primeiro momento, a medida será restrita ao trigo do Rio Grande do Sul, onde verificou-se preço de mercado R$ 11 por saca abaixo do mínimo estabelecido para a safra no estado, de R$ 78,51 por saca.

“Hoje no Rio Grande do Sul vemos essa diferença de preços com trigo sendo comercializado a R$ 67 por saca, mas continuaremos observando o mercado no estado e dos demais estados e a eventual necessidade de maior intervenção até o final da safra, que está em curso. Se for necessário faremos nova intervenção no mercado de trigo”, disse Pretto.

O limite máximo de comercialização do cereal por produtor ainda será definido pela companhia, mas tende a ficar entre 2 mil a 3 mil sacas por produtor, segundo o diretor-executivo de Política Agrícola e Informações da Conab, Silvio Porto.

“A partir da próxima semana, no máximo, o produtor poderá buscar o armazém mais próximo para fazer a entrega do produto tipo pão. A preferência pela AGF foi para reter o produto no mercado interno e no ano que vem podermos devolver ao mercado para balizar o preço e administrar o fluxo de abastecimento e de oferta no mercado interno na entressafra”, disse Porto.

O trigo adquirido pela Conab será direcionado aos estoques públicos da companhia e possivelmente vendido ao mercado na entressafra, quando o preço reagir. A modalidade da AGF prevê venda dos estoques públicos, quando os preços do produto ultrapassarem o Preço de Liberação de Estoques (PLE).

“Vamos observar a reação do mercado e à medida que chegar no ponto de afetar o preço com possível impacto de inflação é o momento de liberarmos esse estoque ao mercado. O volume não é expressivo, mas é importante para a recomposição dos estoques e do volume de abastecimento do mercado interno”, observou Porto. “Sabemos que o próprio anúncio vai promover reação ao preço, talvez não seja necessário inclusive os produtores comercializarem todo esse volume”.

A última AGF para trigo havia sido realizada pelo governo federal em 2014. No ano passado, a Conab realizou leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e de Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) para subsidiar o preço do trigo. Na época, a companhia investiu R$ 255,7 milhões para 479 mil toneladas de trigo.