O Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro) caiu 3,9 pontos no 1º trimestre deste ano em relação ao 4º trimestre de 2016, ficando em 100,5 pontos. Segundo dados medidos pelo Departamento do Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), quando comparado com o mesmo período, o índice ainda é 17,9 pontos superior, demonstrando mudança no patamar de confiança.
De acordo com a análise, produtores e empresas que compõem o agronegócio mantiveram-se na faixa acima de 100 pontos e, para a metodologia aplicada no estudo, pontuação acima de 100 pontos corresponde a otimismo e resultados abaixo disso indicam baixo grau de confiança.
Ainda que tenha ocorrido uma queda no índice geral, as indústrias de insumos mantiveram-se em um patamar elevado de confiança, em 109,4 pontos. “O resultado positivo advém de uma safra recorde de grãos, que tende a elevar a demanda deste segmento, como foi possível observar nos resultados de entregas de fertilizantes, bem como nas vendas de máquinas agrícolas, em recuperação em relação aos anos anteriores”, aponta Antonio Carlos Costa, gerente do Deagro da Fiesp.
De acordo com os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de janeiro a março deste ano foram vendidos, no mercado brasileiro, 9,5 mil tratores de rodas, cultivadores e colhedeiras, um crescimento de 45% sobre o mesmo período do ano passado.
Para a indústria “depois da porteira”, em especial as de alimentos, a queda no 1º trimestre deste ano em relação ao 4º trimestre de 2016 foi de 2,6 pontos, para 102,0 pontos, mantendo o patamar otimista. A percepção delas, segundo a Fiesp, é de que a economia brasileira melhorou no período avaliado, mas houve uma relativa perda de otimismo com as condições do negócio. O sentimento é reforçado pelos dados de vendas no varejo de alimentos e bebidas divulgados pelo IBGE, que registrou recuo de 3,1% no mesmo trimestre pesquisado.
Outro índice analisado que apresentou queda foi o de Produtor Agropecuário, atingindo 95,5 pontos após um recuo de 7 pontos. A percepção é que o período de alta nas cotações de soja, milho, açúcar e etanol – cujos picos foram registrados de maio a novembro do ano passado – ficou para trás. Os preços da laranja, ainda em alta, e do café, relativamente estáveis, são as exceções.
Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB, aponta que “o resultado deste início de 2017 poderia ser pior, não fosse o excelente desempenho das safras de soja e milho, que apresentam ganhos de produtividade de 16,3% e 28,8%, respectivamente, em relação à safra anterior, segundo a Conab.”
Por fim, o índice de Confiança do Produtor Pecuário fechou em 89,5 pontos, 3,7 pontos abaixo do 4º trimestre do ano passado. Assim como ocorreu com os produtores agrícolas, os preços estão entre os aspectos sobre os quais a percepção dos criadores mais piorou. Entre dezembro de 2016 e março deste ano, as cotações do boi caíram 4% – a queda acumulada em doze meses é de 8%. Esses números explicam a desconfiança dos pecuaristas de corte. No caso do leite, os preços neste ano subiram 4% de dezembro do ano passado a março deste ano. Ainda assim, estão quase 20% abaixo do pico registrado em agosto de 2016.