Confira 10 dicas para combater o mosquito da dengue e da zika no campo

Especialistas sugerem medidas simples para que o inseto não se prolifere em áreas rurais e alertam que o uso de plantas aromáticas não é eficaz

A chegada da estação chuvosa significa lavouras fartas, porém, também representa cuidado em dobro com focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, chikungunya e zika. Ações simples nas propriedades rurais podem evitar o surgimento desses criadouros, como explicam Roberto Carneiro, agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), e Francisco Schmidt, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

Apesar das cidades serem os principais berços deste mosquito, já que são mais populosas, o campo também conta com “locais de risco”. Segundo Carneiro, os focos aparecem “especialmente em regiões onde a área rural é muito próxima às cidades, como nas áreas periurbanas do Distrito Federal e muitas outras regiões do país”. Os especialistas salientam que mais eficiente do que combater os mosquitos com uso de inseticidas é tomar cuidados para que os focos não surjam.

De acordo com informações da Embrapa, embora o raio de voo da fêmea do mosquito raramente ultrapasse os 300 metros em regiões com aglomeração de pessoas, nas áreas sem barreiras pode chegar a 800 metros. “Além disso, os mosquitos são transportados por diversos meios com ajuda involuntária do homem”, salienta Carneiro.

Segundo Francisco Schmidt, a fêmea do mosquito tem a peculiaridade de alçar voos maiores quando está grávida. “Apesar de ter um alcance de voo de 300 metros, permanecendo próximo ao local onde nasceu, uma fêmea grávida pode voar até 3 km em busca de local adequado para a postura dos ovos. Uma fêmea pode dar origem a 1.500 mosquitos durante a sua vida. Na natureza, os ovos do Aedes aegypti podem sobreviver até 450 dias fora d’água”, explica. 

Plantas ajudam?

O uso de plantas aromáticas para repelir insetos, como a citronela, não é considerado um método eficaz pelos especialistas. “Para se livrar do problema, o certo mesmo é o saneamento, limpeza e eliminação de criadouros”, destaca Carneiro.

Outra medida pouco recomendada é o plantio da Crotalária como repelente natural do mosquito. “Tanto quanto outras flores, a Crotalária atrai insetos que por sua vez atraem libélulas. As libélulas são predadoras e comem todo tipo de inseto, não sendo o Aedes alimento específico dela, estes têm pouca chance de serem controlados por elas”, explica Schmidt.

Manejo integrado

As medidas preventivas mais simples, como “a utilização de telas antimosquito nas portas e janela, cortinados, a inspeção e eliminação de locais que possam acumular água e servir de criadouro” podem ser complementadas com a utilização de larvicidas biológicos e químicos em bebedouros de animais e outros locais com acúmulo frequente de água, assim como utilização de fumacê no controle de adultos em áreas muito infestadas. “Quanto mais dispositivos ou ações forem utilizadas no manejo integrado, maiores serão as chances de sucesso no combate ao mosquito”, salienta Schmidt.

Confira outras ações sugeridas pela Embrapa para evitar a proliferação do mosquito da dengue em propriedades rurais:

  1. Inspecionar a propriedade rural e identificar locais de risco para proliferação do mosquito. Monitorar possíveis criadouros semanalmente;
  2. Se houver plantas ornamentais (ex: bromélias) que acumulam água, inspecionar e aplicar larvicida se houver água parada;
  3. Descartar as embalagens de insumos em locais apropriados, cobertos e secos;
  4. Inspecionar os pesqueiros desativados e barragens;
  5. Checar se cisternas, poços ou tambores para água estão tampados;
  6. Inspecionar calhas e telhados;
  7. Bebedouros de animais também devem ser checados, principalmente, se pouco utilizados. Se encontrar larvas ou pupas nestes locais, os bebedouros devem ser escovados e a água trocada, no máximo, a cada cinco dias;
  8. Evitar deixar baldes, carrinhos de mão e outros utensílios que acumulam água ao relento;
  9. Inspecionar todas as áreas da propriedade, inclusive reservas legais, e retirar dos locais descobertos pneus velhos, vasilhames, garrafas, latas ou qualquer outro objeto descartado que possa acumular água;
  10. Cavidades em cercas de pedra, muros, pedras, árvores e outros devem ser tampadas com barro ou cimento, de modo a evitar que coletem água.