Consultores acreditam que dólar pode variar entre R$ 3 e R$ 3,70

Falta de estabilidade da moeda americana pode ser influenciada pela situação política do país após o período eleitoral

Fonte: Agência Brasil/Divulgação

A queda na cotação do dólar tem deixado o mercado atento à bolsa de valores nos últimos dias. Enquanto alguns consultores financeiros acreditam que a moeda deve continuar caindo, outros dizem que o valor do dólar deve chegar aos R$ 3,70. O que ninguém tem dúvida é sobre o impacto imediato da moeda americana na vida do exportador.

Para Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSector, a incerteza da cotação influencia no futuro de todos os negócios. “É ruim para o planejamento dos exportadores e importadores, pois não se sabe direito quanto se tem de receita ou despesa. Portanto, o ideal é que a taxa de câmbio fique relativamente estável, o que não é observado ultimamente”, disse.

Para Silveira, a expectativa é de que até o fim do ano o dólar chegue aos R$ 3, devido à decisão Banco Central pela redução da inflação para 4,5% em 2017. Para se ter uma ideia, no fim da última semana o dólar chegou a fechar a R$ 3,13 e, com isso, a remuneração dos exportadores tende a diminuir na moeda brasileira.

“Essa receita já teve queda em passado recente por fatores também relacionados com a valorização do câmbio e/ou baixa de alguns commodities agrícolas no mercado internacional. Essa tendência de redução de remuneração e rentabilidade, infelizmente, tende a se manifestar ao longo dos próximos meses” , completou Silveira.

Nova alta

Por outro lado, há quem diga que este cenário não deve se manter. Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, a situação vai ser revertida até o final do ano, quando o dólar pode alcançar os R$ 3,70. A alta, segundo Perfeito, será puxada pelo momento político do Brasil.

“Até agora o mercado tem dado um voto de confiança ao governo, mas, passando os Jogos Olímpicos, o processo do impeachment e as eleições de outubro, o governo vai ter que mostrar alguns sinais de ajuste e acho que o mercado vai acabar se decepcionando com o resultado e isso pode trazer algum estresse pra moeda”, falou.

Apesar das diferentes previsões, uma recomendação é comum entre os especialistas: seja com o dólar em alta ou em baixa, o momento é de cautela e o produtor deve aguardar mais algum tempo para tomar decisões sobre comercialização. “De modo geral, as commodities tendem a se recuperar por conta de uma melhora na atividade, mas o que a gente vê em algumas economias centrais é que ainda não indo muito bem. Sugiro cautela, mas, por outro lado, a gente já viu o real se desvalorizar bastante”, completou.

No custo da relação de troca, por exemplo, a baixa do dólar é vista com bons olhos. Para Glauco Monte, da FCStone, pode ser uma boa notícia em alguns casos. “O dólar afeta um pouco menos porque, como você tem fertilizante e soja em dólar, vale muito mais o preço em dólar do que efetivamente essa variação do câmbio para garantir reais por saca.”